Para ler mais, apenas leia! Simone de Beauvoir já no Kindle |
É com frequência que ouço leitores afirmando que quando
estão perto do final de um livro costumam reduzir a velocidade da leitura para
a história não acabar. Confesso que não só não sofro desse mal, como meu
sentimento é exatamente o oposto dele! Não tenho pressa para ler, mas quando as
páginas finais revelam a proximidade do desfecho, parece que um imã cola o
livro às minhas mãos até que, enfim, a última página se apresente.
Assim foi a relação com Agatha Christie, em Morte na Mesopotâmia, que levou dez dias
para ser lido, neste edição da Nova Fronteira, de 2014, que conte com 235 páginas,
aproveitando os horários de intervalo entre os compromissos do cotidiano, momentos
de espera, assim como o tempo livre em geral.
Publicado pela primeira vez em 1936, o romance policial
escrito por Agatha Christie se passa no Iraque e tem como ênfase a morte da
esposa do líder de uma missão arqueológica, atormentada pelo passado. O crime é
investigado por Hercule Poirot que identifica em todos os integrantes da missão
razões para ser assassino.
Apesar do desenrolar da história acontecer em torno de um
crime, o texto é leve e conta como uma narradora, a enfermeira Leatheran, que tem como destaque, tanto o
senso crítico, quanto senso de humor. Essa dualidade impõe ao texto características
peculiares da enfermeira que são de fácil identificação para o leitor, como a
dificuldade de compreender o significado dos fragmentos encontrados em parques
arqueológicos que, para ela, não passam de entulhos! 😂
A intertextualidade da obra também é marcante e inclui
referências a Otelo, de William
Shakespeare, e ao Assassinato no Expresso
do Oriente, da própria escritora inglesa, por exemplo.
Vale ressaltar que a relevância dos livros é destacada por
Hercule Poirot para, entre outras coisas,
a definição e descrição da personalidade da vítima, Mrs. Leidner, a
partir dos temas de interesse identificados nas obras que estava lendo no
período no qual foi morta.
Mostrava-me, para começar, interesse pela cultura e pela ciência moderna – ou seja, um lado nitidamente intelectual. Entre os romances, Linda Condon e, em grau menor, O trem de Crewe pareciam indicar que Mrs. Leidner sentia simpatia e interesse pela mulher independente... desimpedida ou livre das armadilhas masculinas. Estava também obviamente interessada na personalidade de Lady Hester Stanhope. Linda Condon é um estudo requintado do narcisismo feminino. O trem de Crewe é um estudo de um individualista exacerbado. A volta a Matusalém simpatiza mais com a atitude intelectual perante a vida do que com a sentimental. Achei que começava a compreender a morta.
A respeito do desfecho da obra [que não vou contar!], em alguns
trechos do livro imaginei que o assassino fosse quem de fato é, mais por intuição
e/ou indução do que por provas, mesmo assim, ainda senti falta do elemento
considerado o “pulo do gato” para a identificação do criminoso.
Estefoi o segundo livro de Agatha Christie que li e, sem
dúvida, foi uma experiência muito mais envolvente do que a primeira, com o Assassinato no Expresso do Oriente. Além
da importância de dar novas oportunidades a um autor profícuo, mesmo que o
primeiro contato não tenha sido lá tão bom, como foi meu caso com a escritora
inglesa, a conclusão desta leitura demonstra que para ler mais é preciso apenas
ler! 😊
ð Dia 25|365
Nenhum comentário:
Postar um comentário