09 setembro 2018

Morte na Mesopotâmia

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É com frequência que ouço leitores afirmando que quando estão perto do final de um livro costumam reduzir a velocidade da leitura para a história não acabar. Confesso que não só não sofro desse mal, como meu sentimento é exatamente o oposto dele! Não tenho pressa para ler, mas quando as páginas finais revelam a proximidade do desfecho, parece que um imã cola o livro às minhas mãos até que, enfim, a última página se apresente.
Assim foi a relação com Agatha Christie, em Morte na Mesopotâmia, que levou dez dias para ser lido, neste edição da Nova Fronteira, de 2014, que conte com 235 páginas, aproveitando os horários de intervalo entre os compromissos do cotidiano, momentos de espera, assim como o tempo livre em geral.
Publicado pela primeira vez em 1936, o romance policial escrito por Agatha Christie se passa no Iraque e tem como ênfase a morte da esposa do líder de uma missão arqueológica, atormentada pelo passado. O crime é investigado por Hercule Poirot que identifica em todos os integrantes da missão razões para ser assassino.
Apesar do desenrolar da história acontecer em torno de um crime, o texto é leve e conta como uma narradora, a enfermeira Leatheran, que tem como destaque, tanto o senso crítico, quanto senso de humor. Essa dualidade impõe ao texto características peculiares da enfermeira que são de fácil identificação para o leitor, como a dificuldade de compreender o significado dos fragmentos encontrados em parques arqueológicos que, para ela, não passam de entulhos! 😂
A intertextualidade da obra também é marcante e inclui referências a Otelo, de William Shakespeare, e ao Assassinato no Expresso do Oriente, da própria escritora inglesa, por exemplo.
Vale ressaltar que a relevância dos livros é destacada por Hercule Poirot para, entre outras coisas,  a definição e descrição da personalidade da vítima, Mrs. Leidner, a partir dos temas de interesse identificados nas obras que estava lendo no período no qual foi morta.
Mostrava-me, para começar, interesse pela cultura e pela ciência moderna – ou seja, um lado nitidamente intelectual. Entre os romances, Linda Condon e, em grau menor, O trem de Crewe pareciam indicar que Mrs. Leidner sentia simpatia e interesse pela mulher independente... desimpedida ou livre das armadilhas masculinas. Estava também obviamente interessada na personalidade de Lady Hester Stanhope. Linda Condon é um estudo requintado do narcisismo feminino. O trem de Crewe é um estudo de um individualista exacerbado. A volta a Matusalém simpatiza mais com a atitude intelectual perante a vida do que com a sentimental. Achei que começava a compreender a morta.
A respeito do desfecho da obra [que não vou contar!], em alguns trechos do livro imaginei que o assassino fosse quem de fato é, mais por intuição e/ou indução do que por provas, mesmo assim, ainda senti falta do elemento considerado o “pulo do gato” para a identificação do criminoso.
Estefoi o segundo livro de Agatha Christie que li e, sem dúvida, foi uma experiência muito mais envolvente do que a primeira, com o Assassinato no Expresso do Oriente. Além da importância de dar novas oportunidades a um autor profícuo, mesmo que o primeiro contato não tenha sido lá tão bom, como foi meu caso com a escritora inglesa, a conclusão desta leitura demonstra que para ler mais é preciso apenas ler! 😊
ð  Dia 25|365

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