Publicado pela primeira vez em 1981, Crônica de uma morte anunciada é o livro que antecede Cem anos de solidão, que conferiu ao
jornalista e escritor colombiano Gabriel Márquez o prêmio Nobel de Literatura,
em 1982.
Nesta edição da editora Record, de 2013, a história sobre o
assassinato de Santiago Nasar é narrada em 157 páginas que revelam muito mais
do que o cotidiano da cidade, pois trata da hipocrisia que sustenta a (falsa) moralidade
humana em diversos aspectos.
Em um texto intenso, Gabo envolve o leitor no cotidiano da
cidade que, no final de semana vivenciou a festa de casamento de Bayardo San
Román e Ângela Vicário e, na segunda-feira, a celebrada visita do bispo.
Mas nada sai como o planejado.
A noiva é devolvida à família. Nasar é apontado como culpado
e jurado de morte pelos irmãos de Ângela. Todos na cidade tomam conhecimento,
mas ninguém o avisa do perigo que corre.
O narrador revela as razões que levam os moradores à omissão
e consequente morte de Santiago Nasar.
A narrativa leva o leitor a passar pelos fatos, encontros e
desencontros que antecedem àquela segunda-feira, bem como as consequências dos
acontecimentos para as famílias envolvidas.
As perspectivas diferentes que fazem a realidade ser única para
cada observador também são reveladas pelo narrador, a partir dos diversos
personagens e suas respectivas escolhas e posturas assumidas diante do mesmo acontecimento.
A morte de Santiago Nassar marcou a vida dessas pessoas. Em
especial, as de Ângela Vicário e Bayardo San Román.
Certa madrugada de ventos, no décimo ano, acordou-a a certeza de que ele estava nu em sua cama. Escreveu-lhe então uma carta febril de vinte páginas e na qual deitou sem pudor as amargas verdades que guardava apodrecidas no coração desde a sua funesta noite. Falou-lhe das marcas eternas que ele havia deixado em seu corpo, do sal de sua língua, da trilha de fogo de sua verga africana. Entregou-a à funcionária do correio que, nas sextas-feiras, à tarde, ia bordar com ela para levar as cartas e convenceu-se de que aquele desabafo final seria mesmo o último de sua agonia. Mas não houve resposta. A partir de então já não tinha consciência do que escrevia nem a quem escrevia; continuou, porém, escrevendo sem quartel durante 17 anos.
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Dia 30|
365
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