Uma das vozes mais marcantes que trago em minha memória é a da cantora norte-americana Whitney Houston, morta em fevereiro de 2012, vítima de overdose, aos 48 anos. Como bem disse Renato Russo na música Love in the afternoon, do disco O Descobrimento do Brasil, da Legião Urbana, que diz É tão estranho, os bons morrem jovens. Assim parece ser quando me lembro de você, que acabou indo embora, cedo demais.
Sim, Whitney morreu jovem e de acordo com os relatos registrados no documentário Can I Be Me a baixa autoestima, a despeito do inegável talento que abriu as portas do mundo pop para uma mulher negra na década de 1980, levou a cantora a buscar conforto nas drogas.
O documentário, disponível na Netflix, foi lançado em 2017, com direção de Nick Broomfield e Rudi Dolezal e duração de 1h40.
O vício começou ainda na adolescência vivida em Newark, por intermédio dos irmãos. Contradição para uma família criada dentro da igreja, onde a mãe, Cissy, era presbítera e cantora gospel. A carreira musical de Whitney começou por influência e orientação da mãe.
A trajetória musical de Whitney que despontou no cenário nacional aos 19 anos e, aos 21, teve mais de 200 milhões de cópias do primeiro álbum vendidas, não tirou dela a necessidade de manter por perto a amiga da faculdade, Robyn, com quem passou a dividir apartamento e, por causa da relação íntima que mantinham, foram apontadas como casal gay em uma época em que relações homoafetivas eram completamente rechaçadas.
Whitney Houston foi moldada pela indústria musical e, para ser aceita no mundo pop, a história de vida dela foi esquecida. A meta era que ela fosse aceita pelo mercado prioritariamente formado por brancos, em um país eminentemente racista, como os Estados Unidos.
Se por um lado, os brancos a aceitaram, a comunidade negra norte-americana não a reconhecia em termos musicais, o que resultou em vaias durante a premiação em um evento Rhythm and blues (R&B). O casamento com Bobby Brown amenizou a rejeição, ao mesmo tempo em que resultou em conflito em relação a Robyn, considerada o porto-seguro de Whitney.
A fórmula deu tão certo que Whitney Houston conquistou primeiros lugares sucessivos do que os Beatles.
O documentário é baseado em imagens inéditas gravadas pela produção de Whitney durante a turnê mundial realizada em 1999; em depoimentos de produtores; artistas que conviveram com ela; relatos do guarda-costas que inspirou o filme The Bodyguard (1992) e responsável pelo relatório que apontou que o vício em cocaína e crack estava acabando com o corpo e a voz da cantora, inclusive com episódios de falha na voz durante shows.
Curiosidades como o fato de ter sido de Kevin Costner, que interpretou o guarda-costas no filme, a ideia de a gravação de I Will Always Love You começar a capela, ou seja, sem acompanhamento musical. A música e o filme levaram Whitney Houston à fama.
A busca por ser ela mesma, as poucas e conflitantes relações de confiança que manteve, a solidão, a baixa autoestima e as relações abusivas - pessoais e familiares - foram situações balanceadas pela força da fé que sempre demonstrou ter e o refúgio nas drogas.
Whitney Houston lutou contra as drogas, buscando ajuda em reabilitações, mas não conseguiu superar o vício até ser encontrada morta, em 11 de fevereiro de 2012, na banheira de um hotel em Beverly Hills.
Triste fim para quem cantou Greatest Love of All, canção que fala sobre o amor-próprio como o mais importante de todos.
Greatest Love of All
As dificuldades enfrentadas por Whitney reforçam a necessidade de autoconhecimento, pois como ela mesma afirma no documentário, dinheiro e fama não são sinônimos de felicidade. A felicidade, afirmou a cantora, está dentro de cada um de nós.
Whitney Houston se foi, mas permanece viva no trabalho que deixou e continua emocionando com sua voz que é, simplesmente, maravilhosa!
Trailer Oficial
Nenhum comentário:
Postar um comentário