27 agosto 2018

As Sufragistas


Acredito que quando a saúde não está bem, as trocas que fazemos com o mundo tornam-se mais intensas, pois nossa sensibilidade está aguçada e, porque não dizer, em estado de alerta.
Neste final de semana assisti ao filme As Sufragistas, produção inglesa de 2015, que conta com Meryl Streep no elenco, e que mostra a luta das mulheres a partir de 1912, na Inglaterra, pelo direito ao voto.
Conquistar esse direito era para essas mulheres [e para nós!] o caminho para acabar com a opressão sob a qual sobreviviam.
À época, as mulheres eram submetidas ao trabalho desde a infância; não tinham período de resguardo; eram subjugadas sexualmente aos patrões; recebiam pagamentos inferiores aos dos homens, apesar das jornadas de trabalhos mais extensas e extenuantes; não tinham direitos sobre os filhos; não tinham o direito de questionar a realidade porque esta era a lei.
Se esta era a lei, o único caminho era modifica-la, o que só poderia acontecer pelo voto.
O filme acompanha cerca de seis anos de luta das mulheres em defesa do voto feminino na Inglaterra e é triste perceber como muitos dos argumentos contrários aos apresentados por elas são usados ainda hoje, um século depois.
Não é um filme fácil de digerir, especialmente se você estiver mais sensibilizado, mas importante de conhecer por revelar o caminho histórico que nos trouxe até aqui, não apenas enquanto mulheres, mas enquanto sociedade que busca garantir a igualdade de direitos.
A conexão com o texto de Virgínia Woolf é inevitável. Perceber como as próprias integrantes do movimento sufragista precisaram de tempo para compreender o que estavam fazendo, que as relações abusivas não podem ser tratadas com naturalidade e que todas elas tinham poder para contribuir com a mudança também é revelado no filme.
Se perceber como parte de um processo de mudança que vai além de si mesmo traz consigo responsabilidades que nem todos estão prontos para assumir de imediato e esta realidade leva a novas escolhas, reflexões e consequência, num ciclo sem fim.
Assim como o texto de Woolf, este é um enredo que impregna o pensamento, remói as ideias sobre o ontem e o hoje.
Assista, apenas assista.
Never surrender. Never give up the fight.


Para, ao menos mudar o foco dos pensamentos, tivemos no final de semana a leitura de A Tormenta de Espadas, de George R. R. Martin, Morte na Mesopotâmia, Agatha Christie, e muito sono.
ð  Dia 14|365

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