Acredito que quando a saúde não está bem, as trocas que
fazemos com o mundo tornam-se mais intensas, pois nossa sensibilidade está aguçada
e, porque não dizer, em estado de alerta.
Neste final de semana assisti ao filme As Sufragistas, produção inglesa de 2015, que conta com Meryl
Streep no elenco, e que mostra a luta das mulheres a partir de 1912, na
Inglaterra, pelo direito ao voto.
Conquistar esse direito era para essas mulheres [e para nós!]
o caminho para acabar com a opressão sob a qual sobreviviam.
À época, as mulheres eram submetidas ao trabalho desde a infância;
não tinham período de resguardo; eram subjugadas sexualmente aos patrões; recebiam
pagamentos inferiores aos dos homens, apesar das jornadas de trabalhos mais extensas
e extenuantes; não tinham direitos sobre os filhos; não tinham o direito de
questionar a realidade porque esta era a lei.
Se esta era a lei, o único caminho era modifica-la, o que só
poderia acontecer pelo voto.
O filme acompanha cerca de seis anos de luta das mulheres em
defesa do voto feminino na Inglaterra e é triste perceber como muitos dos
argumentos contrários aos apresentados por elas são usados ainda hoje, um
século depois.
Não é um filme fácil de digerir, especialmente se você
estiver mais sensibilizado, mas importante de conhecer por revelar o caminho
histórico que nos trouxe até aqui, não apenas enquanto mulheres, mas enquanto sociedade
que busca garantir a igualdade de direitos.
A conexão com o texto de Virgínia Woolf é inevitável.
Perceber como as próprias integrantes do movimento sufragista precisaram de
tempo para compreender o que estavam fazendo, que as relações abusivas não podem
ser tratadas com naturalidade e que todas elas tinham poder para contribuir com
a mudança também é revelado no filme.
Se perceber como parte de um processo de mudança que vai além
de si mesmo traz consigo responsabilidades que nem todos estão prontos para
assumir de imediato e esta realidade leva a novas escolhas, reflexões e consequência,
num ciclo sem fim.
Assim como o texto de Woolf, este é um enredo que impregna o
pensamento, remói as ideias sobre o ontem e o hoje.
Assista, apenas assista.
Never surrender. Never give up the fight.
Para, ao menos mudar o foco dos pensamentos, tivemos no
final de semana a leitura de A Tormenta
de Espadas, de George R. R. Martin, Morte
na Mesopotâmia, Agatha Christie, e muito sono.
ð
Dia 14|365
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