21 agosto 2018

Virgínia Woolf, visceral e envolvente


Virgínia Woolf é, na atualidade, minha escritora preferida. ❤ A forma que ela dá aos escritos é algo que prende o leitor por sentir que cada palavra vem do mais profundo do seu ser, de maneira clara, forte e leve, ao mesmo tempo, e, acima de tudo, significativa.
Tamanha lucidez em uma mente que sucumbiu, aos 59 anos, aos próprios medos e questionamentos poderia, sem dúvida, ter contribuído ainda mais para a humanidade, para as mulheres.
Mesmo assim, em seu tempo de vida, Woolf foi capaz de deixar um legado literário e social fantástico para todos nós, de necessária leitura.
No momento, estou lento Profissões para mulheres e outros artigos feministas, uma coletânea de artigos e resenhas publicada pela L&PM Pocket, com edição de 2012 e reimpressão em maio deste ano, que conta com 10 páginas e sete textos.
Estou em êxtase!
Virgínia Woolf foi uma das vozes importantes de seu tempo a defender e lutar pela educação das mulheres, como primeiro passo para que elas [nós!] fossem livres para ir além da responsabilidade de procriar e cuidar da família, em uma época na qual o gênero era considerado definidor das habilidades cognitivas.
Mas o que é necessário não é apenas a educação. É que as mulheres tenham liberdade de experiência, possam divergir dos homens sem receio e expressar claramente suas diferenças. [...]; que todas as atividades mentais sejam incentivadas para que sempre exista um núcleo de mulheres que pensem, inventem, imaginem e criem com a mesma liberdade dos homens e, como eles, não precisem recear o ridículo e a condescendência. [...] para um homem ainda é mais fácil do que para uma mulher dar a conhecer suas opiniões e vê-las respeitadas. Não tenho dúvidas de que, caso tais opiniões prevaleçam no futuro, continuaremos num estado de barbárie semicivilizada. Pelo menos é assim que defino a perpetuação do domínio de um lado e, de outro, da servilidade. Pois a degradação de ser escravo só se equipara à degradação de ser senhor.
Este texto foi publicado em 16 de outubro de 1920, em um jornal londrino, e integra uma série de textos entre dois autores e Woolf sobre A posição intelectual das mulheres. A defesa que ela faz ao contrapor o posicionamento dos colegas demonstra a sagacidade dela na construção textual, baseada em argumentos fortes e leves ao mesmo tempo, que envolvem o leitor em sua linha de raciocínio e nesta dinâmica, ao menos no meu caso 😊, consideram-se representados por ela.
Os textos incluídos que envolvem esta discussão serviram como base para o posterior desenvolvimento de Um teto todo seu, publicado em 1929. Já resenhado aqui!
Um século separa meu nascimento do de Virgínia Woolf  [1981 – 1882], mas, definitivamente, ela fala por mim, na medida em que defende e demonstra as possibilidades de desenvolvimento das mulheres na mesma proporção dos homens, desde que tenham a mesma base educacional e condições de estudo e trabalho para superar as adversidades.tão
É impressionante como um texto de 20 páginas, que equivalem de três a cinco do livro de George Martin, levando em consideração os tamanhos da página e da fonte, são capazes de mexer com o leitor e mudar perspectivas. Em especial, quando a temática é ainda tão representativa dos tempos atuais.
Este foi o único texto que li nesta segunda-feira, 20 de agosto de 2018, pois a moleza no corpo registrada anteriormente, resultou em febre na madrugada, ida ao pronto-socorro e em um dia sonolenta devido aos medicamentos.
Respeitar os limites do corpo é preciso!
⇒Dia 10|365

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