08 outubro 2018

O Jornal e o Livro


Com 84 páginas, O Jornal e o Livro, de Machado de Assis, foi publicado em 2011 pela Companhia das Letras, reunindo crônicas e críticas escritas pelo autor na segunda metade do século XIX.
 O Jornal e o Livro conta com cinco textos que discutem o papel do crítico, dos livros e dos jornais, a relevância das artes em geral, como o teatro e a literatura, além de expor as reflexões do autor sobre o papel da imprensa.
O conteúdo do livro ajuda o leitor a compreender o porquê de Machado de Assis ser tão meticuloso com seus escritos, pois era, também, um ferrenho crítico literário.
A crítica do escritor e jornalista não era restrita às obras que se propunha analisar, mas também em relação aos que se propunham a ser críticos, mas, em sua maioria, segundo Machado de Assis, não passavam de textos de divulgação.
Para mostrar como um crítico deve se portar diante de um texto, Machado analisa O Primo Basílio, do português Eça de Queiros, que, para o que ainda não leram há grande chance de desistir após ler a minuciosa desconstrução apresentada pelo escritor brasileiro, ou o contrário, tem o desejo de apreciar a obra para identificar ou não os elementos expostos por Machado.
Fico com a segunda opção! 😊
Machado de Assis destrincha a obra recém lançada e compara o enredo e o estilo com outro livro do próprio Eça, O Crime do Padre Amaro, e com Eugénie Grandet, do francês Honoré de Balzac.
Para Machado, O Primo Basílio é um livro que se perde em si mesmo ao buscar se enquadrar no Realismo, ao invés de se preocupar em “aparar as arestas” das histórias dos personagens.
Como é que um espírito tão esclarecido, como o do autor, não viu que semelhante concepção era a coisa menos congruente e interessante do mundo? Que temos nós com essa luta intestina entre a ama e a criada, e em que nos pode interessar a doença de uma e a morte de ambas? Cá fora, uma senhora que sucumbisse às hostilidades de pessoas de seu serviço, em consequência de cartas extraviadas, despertaria certamente grande interesse, e imensa curiosidade; e, ou a condenássemos, ou lhe perdoássemos, era sempre um caso digno de lástima. No livro é outra coisa.
A crítica a obra de Eça de Queiros o ponto alto de O Jornal e o Livro, o que não significa que os demais textos sejam menos relevantes. A crítica ao papel da imprensa e do uso subserviente de livros e jornais por jornalistas e escritores é reflexão contemporânea que explica a importância de Machado de Assis para a literatura brasileira e mundial. 😉
ð  Dia 55|365

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