Ler e escrever são hábitos que podem ser classificados de diversas
formas e desenvolvidos pelos mais variados objetivos. Seja como forma de lazer
ou para incrementar a atividade profissional, as atividades de leitura e
escrita são, também, terapêuticas, na medida em que auxiliam na melhor compreensão
dos pensamentos e sentimentos do indivíduo.
É claro que nem todas as leituras serão relaxantes, mas
invariavelmente, todas elas colocarão o leitor com pontos de vistas diferentes
dos que está acostumado e, em especial, geralmente surpreendem quem se permite folhear
as páginas da obra que tem em mãos.
Há muito tempo me indicaram a leitura de Como se faz uma tese, de Umberto Eco ❤, sob o argumento de que,
independente de estar trabalhando ou não em alguma pesquisa, este é um texto
essencial para os que se dedicam ao ambiente acadêmico, de uma maneira geral.
As 207 páginas que compõem esta edição publicada pela
editora Perspectiva, em 2016, são marcadas pelo sarcasmo do autor que, apesar
de criticar o processo produtivo generalizado que marca a academia – em todo o
mundo -, opta por mostrar ao leitor, literalmente, como fazer uma tese, nas condições
mais adversas possíveis: pouco tempo, pouco dinheiro, dificuldades com o
orientador, amadorismo do pesquisador, são alguns dos elementos que integram o
cenário composto pelo autor.
Este é um livro de metodologia que se diferencia de toda e qualquer
obra que li sobre o assunto anteriormente e, apesar da maneira despretensiosa
com a qual começou a ser lido, tornou-se a principal obra da categoria da minha
lista pessoal.
Neste livro, Eco discorre sobre todas as etapas que compõem um
trabalho acadêmico [da definição do tema e do objeto de pesquisa, até a redação
final], mas vai além, ao apontar que a justificativa para esta obra estar na 26
edição deve passar pela linguagem textual simples e envolvente associada ao
relato sobre como fazer, no decorrer das páginas.
A preocupação com a forma e o conteúdo do texto leva a exposição
de orientações sobre a definição da bibliografia, sobre como lidar com as xérox
e com os livros, por exemplo, que para Umberto Eco devem, sim, ser marcados e
anotados, por serem, acima de tudo, instrumentos de interlocução entre o leitor
e o autor.
Este livro é um exemplo de como um texto teórico pode ser
leve e de fácil leitura. Provavelmente a postura do autor em relação ao
processo de escrita tenha influência neste resultado, pois, para Umberto Eco
(...) fazer uma tese significa divertir-se. (...).
O importante é fazer as coisas com gosto.
Leitura mais do que recomendada, tanto para lazer, como para o trabalho. É terapêutica! 😉
ð
Dia 51|365
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