20 outubro 2018

A mulher brasileira

Crônicas são textos inspirados no cotidiano de quem escreve. São momentos diversos, circunstâncias aleatórias, experiências de vida que levam o autor à reflexões que, muitas vezes, revelam a complexidade dos fatos sociais.
Em A mulher brasileira, Lima Barreto propõe ao leitor a observação crítica da vida urbana nacional de 1911, ao relatar o hábito de, em reuniões familiares, os homens prestarem homenagens às mulheres brasileiras, representada na mulher da casa, como se, sem exceção, todas fosse exemplos de mulher, esposa, filha, irmã, entre outras coisas.
Depois de testemunhar mais um momento como esse, Lima Barreto questiona o leitor sobre a veracidade das palavras e passa a mostrar que o que se diz da mulher brasileira, na verdade faz-se referência à mulher das grandes sociedades do ocidente que, inclusive, representam influência significativa na vida e na obra de autores como Honoré de Balzac.
Porém, observa Barreto, esse não é o caso do Brasil.
Não há num Raul Pompéia influência da mulher; e cito só esse exemplo que vale por legião. Se houvesse, quem sabe se as suas qualidades intrínsecas de pensador e de artista não nos poderia ter dado uma obra mais humana, mais ampla, menos atormentada, fluindo mais suavemente por entre as belezas da vida?

 O escritor justifica seu posicionamento, mas ressalta que as diferenças não são, necessariamente negativas. O que ele destaca é a necessidade de desenvolvimento da percepção e reflexão críticas sobre os acontecimentos do cotidiano que nos envolvem, estão repletos de significado e, justamente por isso, precisam ser compreendidas.

O livro Crônicas, de Lima Barreto, está no Domínio Público. Para ter acesso a ele, clique aqui e boa leitura!
ð  Dia 67 | 365

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