17 janeiro 2018

Em Busca do Tempo Perdido II #2


O segundo volume da obra de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido | À Sombra das Moças em Flor, é diferente do primeiro, No Caminho de Swann, pelo fato de ser dividido em duas partes: 1. Ao redor da sra. Swann; 2. Nomes de lugares: o Lugar. O primeiro é narrado em um texto único.

Nesta etapa da obra, entre as páginas 100 e 200, Marcel, o narrador, passa a frequentar a casa dos Swann e relatar a experiência de conviver com o casal e a filha, Gilberte, por quem ele é apaixonado, e mais do que isso, como funciona a sociedade  francesa do início do século XX.

O contato com o casal Swann permite a Marcel conhecer o escritor Bergote que, para ele, era um dos mais profícuos à época. Porém, a convivência com o autor  desfaz o imaginário do narrador, que passa a ver Bergote como o homem que realmente é por trás das obras e a admiração cai por terra.

Por se tratar de um livro de memórias escrito em fluxo de pensamento, a cada experiência vivenciada por Marcel, Proust apresenta a perspectiva das conexões mentais feitas pelo narrador. Exemplo disso se dá ao constatar a dificuldade enfrentada por Odete de ser aceita pela sociedade, mesmo casada com Swann, por causa do seu passado. As reminiscências de Marcel o levam a refletir tanto sobre a construção das relações e os motivos que levam as pessoas a aceitarem determinadas situações, como sobre suas primeiras incursões em bordeis e as relações que estabeleceu com as mulheres.

A paixão, o amor e as consequências desses sentimentos à racionalidade são temas centrais nesta parte da obra, na medida em que o amor de Marcel por Gilberte se consolida, é apoiado pelo casal Swann e rejeitado por ela.

O leitor é levado pelo caminho do encontro e da inserção de Marcel à vida dos Swann, considerada ápice da relação, assim como a decadência da mesma, quando ela deixa claro que não tem interesse nele.

Os problemas de saúde de Marcel são agravados, mas também servem como justificativa ao afastamento que sim, o faz sofrer tanto quanto as dúvidas sobre seu talento a respeito da arte da escrita, atividade que escolheu em detrimento da diplomacia, desejo de seu pai.

Tão importante quanto o desejo de Marcel pela arte da escrita foi seu receio de ficar longe de Gilberte, de quem passaria a ficar longe, mesmo estando tão perto, situação de grande sofrimento para o narrador que, apesar disso, busca manter a aparência por meio da indiferença.


Além disso, se eu procurava sempre estar certo da ausência de Gilberte, antes de ir à casa da sra. Swann, isto se devia à minha resolução de manter nosso rompimento, quanto à esperança de reconciliação que se superpunha à minha vontade de renunciar (bem poucas são absolutas, ao menos de modo contínuo, nesta alma humana, na qual uma das leis, fortificada pelos afluxos inesperados, de lembranças diferentes, é a da intermitência) e disfarçava o que ela possuía de mais cruel.

Leitura que segue! ❤

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