Inúmeros
são os exemplos de livros literários e/ou teóricos capazes de ampliar nossa
percepção a respeito do mundo e de nós mesmos, por expor fatos a partir de
perspectivas diferentes, mas não necessariamente divergentes, das que tínhamos
até ali. Porém, o grande desafio que o contato com o conhecimento impõe aos
leitor é como fazer uso das novas informações, de maneira a modificar o seu
entorno e a própria vida, na prática.
A
leitura de O Monge e o Executivo, de
James C. Hunter, orienta a construção de uma nova trajetória a partir da
liderança servidora. O texto é, de forma surpreendente, envolvente e inspiradora,
capaz de impulsionar os mais incrédulos à busca de transformações necessárias a
cada indivíduo, já que o processo de aprimoramento pessoal é caminho inevitável
para cada um de nós.
A
energia que envolve os participantes do grupo que participam do retiro no mosteiro,
sob a orientação do Monge, transforma o leitor em mais um participante daquele
encontro que termina com a promessa de um reencontro seis meses depois, para um
balanço sobre o novo começo, após esta experiência.
Os
compromissos pessoais e profissionais de cada um dos seis integrantes faz com
que o grupo só retorne ao mosteiro dois anos depois do primeiro encontro. O
reencontro é relatado no livro De Volta
Ao Mosteiro | O Monge e o Executivo Falam de Liderança e Trabalho em Equipe,
lançado em 2014, assim como o primeiro, pela Editora Sextante.
Para a
surpresa de todos os integrantes, apenas um deles conseguiu colocar em prática
os ensinamentos discutidos no retiro anterior. Mas esta realidade não é logo
revelada, tendo em vista que a frustração e o fingimento dão a tônica do
encontro, até que as máscaras começam a cair. Afinal, elas sempre caem, não é
mesmo?
Neste
sentido, o leitor que for sensível a confrontos com a realidade, certamente
enfrentará dificuldades durante a leitura, pois o discurso entre os integrantes
é apresentado com o intuito de ‘tocar na ferida’. Ao menos para mim, o objetivo
foi alcançado com êxito!
É muito
difícil não se identificar com os relatos e não se ver diante de um espelho a
cada questão colocada para o grupo. É a partir deste confronto de ideias e
posturas que a realidade de cada um pode ser compreendida e, consequentemente,
transformada.
O conhecimento tem que ser aplicado e praticado.
Para que
isso seja viável, James Hunter reforça a ideia da liderança servidora que,
segundo ele, não tem como ser colocada em prática a menos que cada um de nós
compreenda que precisa aprender a se relacionar bem consigo mesmo e com o
outro. Afinal, tudo o que fazemos tem como base nossos relacionamentos.
Quem não sabe lidar com relacionamentos não é capaz de exercer a liderança. Porque liderança tem tudo a ver com gente e relacionamentos.
Se temos
dificuldades para lidar com as pessoas, como podemos pedir que elas se
aprimorem se nós não conseguimos fazer isso ainda?
Quando
menciona a importância de colocarmos em prática o conhecimento adquirido, James
Hunter observa que a liderança servidora pode ser aprendida, mas requer
dedicação e persistência. Tudo isso, afirma, é questão de escolha, mas o
resultado, vale o esforço, afinal, nenhum de nós nasceu pronto!
A liderança consiste em inspirar e influenciar a ação das pessoas, e nós inspiramos e influenciamos os outros quando os servimos. E os servimos quando identificamos e satisfazemos suas necessidades legítimas. Isso não é um traço com que se nasça. É uma série de escolhas pessoais que fazemos diariamente e que acabam moldando nosso caráter. Liderança tem tudo a ver com caráter, e nosso caráter tem tudo a ver com as escolhas que fazemos. Se vocês acham que liderança é algo com que se nasça, nunca devem ter estado perto de uma criança de dois anos! Pensem nas qualidades essenciais dos grandes líderes, como autocontrole, capacidade de ouvir, de assumir responsabilidade, altruísmo, reconhecimento do outro, honestidade e demais traços de caráter de alto nível. Vocês já viram alguma criança de dois anos que manifeste todas essas qualidades?
Vale a
leitura! 😊
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