18 setembro 2017

Narcos | Terceira Temporada


A morte de Pablo Escobar e a saída de Wagner Moura do elenco da série Narcos, produzida pela Netflix, resultaram em olhares desconfiados para a terceira temporada liberada na plataforma de streaming no dia 1° de setembro deste ano.

Neste capítulo do seriado, ecoa a declaração do criador de Narcos, José Padilha, de que este é um registro sobre a cocaína e não a respeito do narcotraficante Pablo Escobar, apesar de a história passar por ele, responsável por uma das organizações criminosas mais ricas e crueis  da história.

Tendo como protagonista o agente do Departamento de Narcóticos dos Estados Unidos (DEA), Javier Peña (Pedro Pascal), a terceira temporada nos mostra como se deu a redistribuição do mercado exportador da cocaína na Colômbia, pós-Escobar, com a transferência do centro das negociações do cartel de Medellín para o cartel de Cali.

A cada episódio é facil perceber não só o formato usado por Padilha, em Tropa de Elite, como também as infelizes coincidências que aproximam as duas obras. Em ambas somos colocados diante da institucionalização da criminalidade a partir das relações estabelecidas entre os narcotraficantes e os detentores dos poderes judiciário, executivo e legislativo. Seja no Brasi, seja na Colômbia.

Assim como em Tropa de Elite, em Narcos os agentes da lei que lutam contra os criminosos (oficiais) e -  consequentemente -  contra o próprio sistema que integram, fazem escolhas questionáveis e maquiavélicas, para atingir o objetivo de combater o narcotráfico, mas se deparam com o que o agente Peña denomina, em determinado ponto, de narcodemocracia.

Da mesma forma que aconteceu na sequência dos filmes brasileiros, que mostra a realidade da polícia militar no Rio de Janeiro, a constatação de que aquilo que é revelado em Narcos é a realidade, a nossa realidade, torna a série ainda mais desconfortável, o que vai além das cenas grotescas de assassinatos que representam a ação dos grupos envolvidos na guerra pelo domínio do império da cocaína.

E para os que acreditam que a realidade registrada em filmes e séries nada tem a ver com nosso cotidiano, vale destacar a notícia da morte do assistente de produção de Narcos, assassinado a tiros no México.

De acordo com a imprensa internacional, Carlos Muñoz Portal estava procurando locais para as filmagens da nova temporada da série, que mostrará a realidade do narcotráfico naquele País. O corpo foi encontrado no porta-malas do carro, em uma área pouco habitada, na sexta-feira, 15 de setembro de 2017.

A semelhança entre o que é relatado na série com o ocorrido com o assistente de produção no México pode não ser mera coincidência.

Vale assistir a terceira temporada e esperar a quarta, já confirmada para 2018, que aborda a questão do narcotráfico nos dias atuais. O conteúdo é perturbador, no mínimo. Mas como bem disse o agente Peña, por pior que seja, é melhor saber a verdade!

A terceira temporada de Narcos conta com dez episódio. A série, criada por Padilha, é produzida por Eric Newman (Children of Men), Chris Brancato (Hannibal), Doug Miro e Carlos Bernard (O Aprendiz de Feiticeiro).

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