A morte de Pablo Escobar
e a saída de Wagner Moura do elenco da série Narcos, produzida pela Netflix, resultaram em olhares desconfiados
para a terceira temporada liberada na plataforma de streaming no dia 1° de
setembro deste ano.
Neste capítulo do
seriado, ecoa a declaração do criador de Narcos,
José Padilha, de que este é um registro sobre a cocaína e não a respeito do
narcotraficante Pablo Escobar, apesar de a história passar por ele, responsável
por uma das organizações criminosas mais ricas e crueis da história.
Tendo como protagonista o
agente do Departamento de Narcóticos dos Estados Unidos (DEA), Javier Peña (Pedro
Pascal), a terceira temporada nos mostra como se deu a redistribuição do
mercado exportador da cocaína na Colômbia, pós-Escobar, com a transferência do
centro das negociações do cartel de Medellín para o cartel de Cali.
A cada episódio é facil
perceber não só o formato usado por Padilha, em Tropa de Elite, como também as infelizes coincidências que
aproximam as duas obras. Em ambas somos colocados diante da institucionalização
da criminalidade a partir das relações estabelecidas entre os narcotraficantes
e os detentores dos poderes judiciário, executivo e legislativo. Seja no Brasi,
seja na Colômbia.
Assim como em Tropa de Elite, em Narcos os agentes da lei que lutam contra os criminosos (oficiais)
e - consequentemente - contra o próprio sistema que integram, fazem
escolhas questionáveis e maquiavélicas, para atingir o objetivo de combater o
narcotráfico, mas se deparam com o que o agente Peña denomina, em determinado
ponto, de narcodemocracia.
Da mesma forma que
aconteceu na sequência dos filmes brasileiros, que mostra a realidade da
polícia militar no Rio de Janeiro, a constatação de que aquilo que é revelado
em Narcos é a realidade, a nossa
realidade, torna a série ainda mais desconfortável, o que vai além das cenas grotescas
de assassinatos que representam a ação dos grupos envolvidos na guerra pelo
domínio do império da cocaína.
E para os que acreditam
que a realidade registrada em filmes e séries nada tem a ver com nosso
cotidiano, vale destacar a notícia da morte do assistente de produção de Narcos, assassinado a tiros no México.
De acordo com a imprensa
internacional, Carlos Muñoz Portal estava procurando locais para as filmagens
da nova temporada da série, que mostrará a realidade do narcotráfico naquele
País. O corpo foi encontrado no porta-malas do carro, em uma área pouco habitada,
na sexta-feira, 15 de setembro de 2017.
A semelhança entre o que
é relatado na série com o ocorrido com o assistente de produção no México pode
não ser mera coincidência.
Vale assistir a terceira
temporada e esperar a quarta, já confirmada para 2018, que aborda a questão do
narcotráfico nos dias atuais. O conteúdo é perturbador, no mínimo. Mas como bem
disse o agente Peña, por pior que seja, é melhor saber a verdade!
A terceira temporada de Narcos conta com dez episódio. A série,
criada por Padilha, é produzida por Eric Newman (Children of Men), Chris Brancato (Hannibal), Doug Miro e Carlos Bernard (O Aprendiz de Feiticeiro).
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