Olhar para trás e perceber que os meses que se passaram
foram preenchidos por textos e contextos muitas vezes diversos daqueles planejados
no início do ano tem uma explicação: a intertextualidade.
Ela é a responsável por nos colocar em contato com os textos
que influenciam os textos que nos influenciam. E, por mais louco e confuso que
isso possa parecer, esta realidade tem uma lógica incrível que torna a trajetória
literária mais completa, complexa e, ao mesmo tempo, inusitada.
A cada livro iniciado temos expectativas - que podem ser
atingidas ou não - a respeito do conteúdo que o autor compartilha conosco. A perspectiva
dele nem sempre, ou quase nunca, coincide com a nossa e o mais incrível é que o
resultado dessa soma é sempre positivo.
Para entender o porquê de o autor seguir determinados
caminhos é preciso prestar mais atenção às referências que ele apresenta. Este
olhar nos leva a perceber que alguns nomes são recorrentes em obras diversas,
sendo esta uma das razões de serem chamados clássicos.
Os autores e títulos que se repetem naturalmente são incluídos
naquela lista de livros a serem lidos que, dia após dia, torna-se infinita e
vai reorientando nossa caminhada literária.
Há poucos dias conclui a leitura de O Monge e O Executivo, de James C. Hunter, Liev Tolstói – paixão consolidada
desde a leitura de Anna Kariênina, a
Bíblia, e alguns livros e autores da
área de gestão, como Stephen Covey e Os 7
hábitos das pessoas altamente eficazes, além de ter despertado o interesse para a obra que dá continuidade a
esta, intitulada: De Volta ao Mosteiro |
O Monge e O Executivo Falam Sobre Liderança e Trabalho em Equipe.
Neste ano, reli as duas obras de Cacco Barcellos - Abusado| O Dono do Morro Santa Marta e Rota66 | A História da Polícia que Mata – que me levaram a assistir novamente
ao filme Quem matou Pixote? e a
antecipar a leitura de Estação Carandiru,
de Dráuzio Varella.
O massacre do Carandiru aconteceu em outubro de 1992, meses
depois do lançamento do Rota 66. Além
disso, parte dos policiais que aparecem na lista dos maiores matadores da
polícia de São Paulo integram o grupo responsável pela chacina de 11 detentos
no que, à época, era o maior presídio da América Latina.
A leitura de A
Cerimônia do Adeus, de Simone de Beauvoir, me colocou em contato com o
homem que foi Jean-Paul Sartre, muito além do autor de grandes clássicos
literários. A obra, baseada nos diários que ela manteve durante os dez últimos anos
de vida de Sartre, na primeira parte, mais uma extensa entrevista com ele,
apresentada na segunda parte, revelam o quanto o olhar do outro nos torna
diferente. Na primeira parte de A Cerimônia
do Adeus o leitor é colocado em
contato com o Sartre que Simone de Beauvoir vê e admira. O segundo é muito mais
real, mais cru e, justamente por isso, menos interessante. Ao menos aos meus
olhos que passei a ter certo abuso dele, enquanto pessoa, o que não significa
que não possa admirar as obras que ele produziu.
Por isso, no momento estou lendo o primeiro livro da
trilogia Os Caminhos da Liberdade,
que é composta pela A Idade da Razão,
Sursi e A Morte na Alma.
Lá atrás, quando li a trilogia de Laurentino Gomes sobre a história
do Brasil – 1808, 1822 e 1889 – inseri diversas obras na lista de livros a serem lidos, entre
eles Esaú e Jacó, de Machado de
Assis. A leitura desta obra me levou a ler outras, como O Memorial de Aires, que é uma das personagens citadas em Esaú e Jacó.
A intertextualidade somada às indicações que surgem,
associa-se aos lançamentos e as novas descobertas de textos e autores que
abordam temas do nosso interesse e/ou que são importantes à nossa construção e reconstrução
como cidadãos do mundo, já que a literatura nos dá a oportunidade de conhecer
fatos e personagens que, sem ela, jamais teríamos contato.
Por isso, leia sempre, pois esta é uma viagem fantástica com
bilhete apenas de ida! 😊
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