24 dezembro 2017

Assassinato no Expresso do Oriente | O Filme


O contato com o livro de Agatha Christie, Assassinato no Expresso do Oriente, pode ser considerada uma experiência de saída da zona de conforto. Suspense não é meu estilo de livro e filme por não despertar meu interesse, apesar de ter gostado de alguns contos de Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle.

Li o livro da escritora inglesa em poucos dias porque queria assistir ao filme depois da leitura concluída. Quase perdi a oportunidade de apreciar a obra no cinema, mas na antevéspera de Natal ainda consegui pegar uma sessão, com a sala praticamente vazia. Comigo, não havia mais do que dez pessoas. Fantástico!

Quem já leu a resenha sobre o livro sabe que não gostei da obra e que, talvez, se fosse uma novela ou um conto tivesse caído no meu gosto e fosse mais envolvente.

A lentidão que senti durante a leitura não se repetiu durante o filme que, por ser mais curto e precisar compilar no pouco espaço de tempo todo o enredo, trouxe o ritmo que achei que encontraria no texto de Agatha Christie, escritora inglesa mais traduzida do que Shakespeare.

Com uma fotografia fascinante e que expressa bem o que o passageiro encontra ao viajar de trem, o filme traz algumas adaptações necessárias, e divergências em relação ao conteúdo original, que são próprias desse tipo de produto.

Diante do livro, há para os leitores espaço de criação e idealização das personagens, mas aos espectadores, eles já são apresentados prontos, sem deixar margem à criatividade e interpretação de quem está do outro lado da telinha.

Neste sentido, se a caracterização do detetive Hercule Poirot não fugiu ao estereótipo criado pelo meu imaginário de leitora, a do diretor da Compagnie Internationale des Wagons Lits, apresentado como um senhor atarracado e que no filme é um jovem adulto, fugiu totalmente ao esperado.

Em linhas gerais o filme é bastante fiel ao livro, apesar de alguns dos renomados atores que compõem o elenco serem realmente subaproveitados, em decorrência da quantidade de personagens e do exíguo tempo para detalhar a história.

Além do gênero suspense ter sido uma novidade para mim em termos de leitura, gostar mais do filme do que do livro foi realmente uma grata surpresa para quem entrou na sala do cinema sem grandes expectativas.

Um dos destaques do filme é a relação de Hercule Poirot com o livro de Charles Dickens que o acompanha durante a viagem no Expresso do Oriente, A tale of two cities. Em algumas cenas, Poirot aparece em momentos de grande diversão e risada enquanto lê, demonstrando uma relação íntima com as palavras de Dickens que só os que se permitem vivenciar esta relação com a literatura conseguem se identificar e compreender!

Também pelos momentos dedicados à leitura de Dickens, Poirot afirma estar ocupado para se envolver em intrigas e problemas que procura evitar, numa demonstração que a companhia de um livro é saída para as mais diversas situações, em especial, para abrir novos caminhos!

Apesar disso, por questão de valores, o detetive é levado a aceitar o desafio de desvendar o mistério que ocorre durante a viagem e, mesmo destacando pautar sua vida e ações em tais valores, revela que o ambiente no qual estamos inseridos pode influenciar de maneira significativa nossas escolhas, nem sempre de acordo com esses mesmos valores.

Vale o filme, a reflexão e, mais do que tudo isso, sair da zona de conforto e experimentar, sempre!!! 😊

Sinopse:


O detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh) embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, graças à amizade que possui com Bouc (Tom Bateman), que coordena a viagem. Já a bordo, ele conhece os demais passageiros e resiste à insistente aproximação de Edward Ratchett (Johnny Depp), que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular. Na noite seguinte, Ratchett é morto em seu vagão. Com a viagem momentaneamente interrompida devido a uma nevasca que fez com que o trem descarrilhasse, Bouc convence Poirot para que use suas habilidades dedutivas de forma a desvendar o crime cometido.

Elenco:


  • Kenneth Branagh como Hercule Poirot; Tom Bateman como M. Bouc; Lucy Boynton como Condessa Andrenyi; Olivia Colman como Hildegarde Schmidt; Penélope Cruz como Greta Ohlsson; Willem Dafoe como Gerhard Hardman; Judi Dench como Princesa Dragomiroff; Johnny Depp como Ratchett; Josh Gad como Hector MacQueen; Manuel Garcia-Rulfo como Marquez; Derek Jacobi como Edward Masterman; Marwan Kenzari como Pierre Michel; Leslie Odom Jr. como Coronel Arbuthnot; Michelle Pfeiffer como Mrs. Hubbard; Sergei Polunin como Conde Andrenyi; Daisy Ridley como Mary Debenham.

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