O turbulento contexto político atual no qual vive o país tende a nos induzir a um posicionamento negativo diante da pergunta: O Brasil
tem jeito? E é este o questionamento que dá título ao livro organizado por
Arthur Ituassu e Rodrigo de Almeida e publicado por Jorge Zahar Editora, em
2006, combo objetivo de incentivar a racionalização das análises que impulsionam
e dão base às respostas.
A pergunta é respondida em seis artigos e ensaios escritos
por acadêmicos e analistas da política nacional. Os textos foram organizados de
maneira que a perspectiva teórica que orienta seus respectivos autores, seja de direta ou esquerda, ficassem intercaladas num claro objetivo de
levar o leitor a refletir sobre temáticas como eleições, política e corrupção
por vieses tanto conservadores, quanto progressistas.
Reformas estruturais, como a da previdência;
estrutura partidária; redistribuição de renda; redução da carga tributária;
ampliação do mercado de trabalho; combate à inflação; revisão da estrutura
financeira e fiscal; custeio da máquina pública; investimentos sociais; globalização e os blocos econômicos
e corrupção são alguns dos temas abordados pelos autores de maneira a nos fazer
compreender que a resposta que buscamos não está restrita ao sim ou ao não.
Ao contrário disso, a busca pela resposta a esse questionamento é tão complexa
quanto ele mesmo.
Por mais complexa que possa parecer a vida política nas sociedades modernas, em essência existe uma e fundamental clivagem em torno da qual se aglutinam as forças políticas de uma nação na ordem capitalista: os atores políticos que se organizam em torno do mundo do trabalho e os atores que se organizam a partir do capital.
Para aqueles que afirmam que as perspectivas teóricas de
esquerda e direita não existem mais, Fabiano Santos, Gustavo Franco, Luiz
Gonzaga Belluzzo, Merval Pereira, Miriam Leitão e Wanderley Guilherme dos
Santos nos mostram que não só existem, como orientam as escolhas
pessoais e institucionais.
Em política, quase nada é impossível, mas tudo tem sua lógica.
Apesar de contar com apenas 136 páginas, este é um livro de
conteúdo consistente e denso, com um conjunto relevante de referências que nos permitem dar continuidade à reflexão proposta e, que, sem dúvida, vale muito a leitura!
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