21 agosto 2017

Enron: Os mais espertos da sala


De tempos em tempos, a defesa pela desregulação do mercado torna-se mais forte. E justamente pelo fato de a perspectiva cíclica dos processos gerenciais seguir a evolução histórica, observar os equívocos identificados no estabelecimento de relações não muito claras entre o mercado e o governo, bem como as consequências da livre iniciativa a qualquer custo para a sociedade, nos dá, ao menos, parâmetros para defender ou não aquilo que Adam Smith prega como o melhor caminho para viabilizar “A Riqueza das Nações”, desde o século XVIII.

Casos como o escândalo da empresa norte-americana de energia Enron, que entrou em processo de falência em 2001 depois de ter sido a sétima maior companhia dos Estados Unidos, revelam como as relações de poder podem ser permeadas por interesses puramente pessoais, o que, em se tratando do envolvimento do setor público -  na regulação e/ou oferta de serviços – esta perspectiva é inadmissível. Ou deveria ser.

Com roteiro e direção de Alex Gibney, o documentário Enron: Os mais espertos da sala, de 2005, revela como a empresa manipulou os balanços contábeis para atrair novos investidores e conseguiu. A manobra elevou o preço das ações da Eron, ano a ano, e a empresa em um dos melhores investimentos no mundo, que chegou a ser avaliada em 68 milhões de dólares, até que no ano de sua falência, este mesmo preço caiu para 30 centavos de dólares.

O documentário, disponível no YouTube, revela que a história da Enron, criada em 1985, foi boa parte baseada em fraudes, com atuação no mercado de seguro de energia, banda larga e energia elétrica. 

As relações pessoais do presidente da companhia, Ken Lay, com a família Bush, é apontada como uma das armas usadas pela Enron, pois, de acordo com o filme, tais relações beneficiaram a atuação da empresa. Um exemplo disso está no fato de que, durante a gestão de George W. Bush, o órgão responsável pela regulação do serviço de energia no país foi indicado por Lay que, não fiscalizou o serviço.

O resultado desta não ação permitiu que a Eron se aproveitasse da crise energética registrada no Estado da Califórnia em 2001. Neste período, a empresa usou estratégias ilícitas para viabilizar o aumento do preço da energia ao consumidor, inclusive com a ocorrência de blackouts. Foi neste contexto, e com apoio da Eron que, por exemplo, Arnold Schwarzenegger foi eleito governador da Califórnia.

A atuação dos principais gestores da Enron, bem como suas respectivas relações políticas, é destacada no filme, através dos depoimentos e gravações que mostram como a hierarquia da companhia funcionava. Os envolvidos foram condenados a anos de prisão e multa, mas nada disso viabilizou a recuperação dos prejuízos causados aos milhares de funcionários, pensionistas e investidores. Só por isso, já vale conhecer este caso!

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