26 junho 2017

A Teta Racional

O passar dos anos nos ajuda a compreender melhor a necessidade de cuidado com a forma, tanto quanto com o conteúdo. A forma como apresentamos aquilo que somos e pensamos diz muito a nosso respeito, mesmo que palavra alguma seja dita.

Um texto é um pedaço de nós mesmos e a simples junção das palavras não é capaz de representar o todo, na verdade, pode distorcê-lo por completo e, até mesmo, impedir o estabelecimento das relações as quais se propõe.

Publicado em 2016, pela Grua Livros, o livro de contos de Giovana Madalosso, “A Teta Racional” é um exemplo desta realidade. Os dez contos que o compõem são distribuídos em apenas 125 páginas, mas, apesar de ser uma obra concisa, não é de fácil digestão em consequência da forma na qual os textos são estruturados.

Narrados por vozes femininas, os textos abordam temas como maternidade, sexualidade, drogas, empatia, relacionamento entre mães e filhos, mulheres, empoderamento, racionalidade, machismo, entre outros. Apesar da relevância, este conteúdo se perde em textos agressivos, rudes, recheados de palavrões que, além de não contribuir, dificultam a continuidade da leitura.

O último conto, “Suíte das Sobras”, sai um pouco deste perfil, seja pelo fato de apresentar um ritmo de narrativa que dá a impressão de ter sido um projeto de romance, assim como pela abordagem bem mais agradável e não menos impactante que nos traz.  O conto revela a dificuldade de estabelecimento de relação entre mãe e filha após 16 anos vivendo longe uma da outra, associada às lembranças e mágoas do período anterior ao distanciamento.

Este é o tipo de leitura que vale para conhecer o autor e, no meu caso, não repetir a dose. 😎







Depois disse: melhor ser das pessoas que acreditam em tudo do que das pessoas que não acreditam em nada.








#leiamulheresnatal
“A Teta Racional” foi o livro escolhido para o mês de junho do grupo #leiamulheresnatal que, mensalmente, faz a leitura e discussão de uma obra com autoria feminina. O livro escolhido para julho foi “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”, de Svetlana Aleksiévitch. 

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