O passar dos anos nos ajuda a compreender melhor a
necessidade de cuidado com a forma, tanto quanto com o conteúdo. A forma como
apresentamos aquilo que somos e pensamos diz muito a nosso respeito, mesmo que
palavra alguma seja dita.
Um texto é um pedaço de nós mesmos e a simples junção das
palavras não é capaz de representar o todo, na verdade, pode distorcê-lo por
completo e, até mesmo, impedir o estabelecimento das relações as quais se
propõe.
Publicado em 2016, pela Grua Livros, o livro de contos de
Giovana Madalosso, “A Teta Racional” é um exemplo desta realidade. Os dez
contos que o compõem são distribuídos em apenas 125 páginas, mas, apesar de ser
uma obra concisa, não é de fácil digestão em consequência da forma na qual os
textos são estruturados.
Narrados por vozes femininas, os textos abordam temas como
maternidade, sexualidade, drogas, empatia, relacionamento entre mães e filhos,
mulheres, empoderamento, racionalidade, machismo, entre outros. Apesar da
relevância, este conteúdo se perde em textos agressivos, rudes, recheados de
palavrões que, além de não contribuir, dificultam a continuidade da leitura.
O último conto, “Suíte das Sobras”, sai um pouco deste
perfil, seja pelo fato de apresentar um ritmo de narrativa que dá a impressão
de ter sido um projeto de romance, assim como pela abordagem bem mais agradável
e não menos impactante que nos traz. O
conto revela a dificuldade de estabelecimento de relação entre mãe e filha após
16 anos vivendo longe uma da outra, associada às lembranças e mágoas do período
anterior ao distanciamento.
Este é o tipo de leitura que vale para conhecer o autor e,
no meu caso, não repetir a dose. 😎
Depois disse: melhor ser das pessoas que acreditam em tudo do que das pessoas que não acreditam em nada.
#leiamulheresnatal
“A Teta Racional” foi o livro escolhido para o mês de junho
do grupo #leiamulheresnatal que, mensalmente, faz a leitura e discussão de uma
obra com autoria feminina. O livro escolhido para julho foi “A Guerra Não Tem
Rosto de Mulher”, de Svetlana Aleksiévitch.
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