Hannah Backer é uma adolescente vivendo a experiência de
morar em uma nova cidade e frequentar nova escola. As novidades representam
para ela o desafio de ser aceita em grupos definidos por regras que, mesmo de
maneira implícita, são baseadas em valores previamente estabelecidos. Mas isso não
a intimida, ao contrário, vê o momento como positivo, apesar das inseguranças inerentes
à adolescência.
As coisas começam a mudar quando Hannah passa a ser alvo de
diversos tipos de violência na escola e fora dela. Sim, pois, na era do
compartilhamento de informações, restringir os ambientes com base em seus
limites físicos é cada vez mais difícil, para não dizer impossível. A internet extrapola
os ambientes físicos e faz com que a propagação de dados e fatos aconteça em
fração de segundos e a em proporções incomensuráveis.
As consequências desta nova realidade podem ser tão
colossais quanto a capilaridade da rede. De fato, uma realidade difícil de se
medir e que, justamente por isso, não pode ser ignorada.
Hannah grava seis fitas e meia. Um lado para cada depoimento |
O entusiasmo que Hanna Backer via na novidade de ser e
experimentar a novidade se perde. Mais do que isso, ela se perde de si mesma ao
ponto de cometer suicídio. Para explicar sua iniciativa, ela não deixa uma
carta de despedida, mas fitas cassete (K7) nas quais gravou as treze razões que a levaram a
tirar a própria vida.
Nessas fitas, Hannah expõe fatos que, para ela, se tivessem acontecido
de forma diferente, não a teriam levado àquele momento. Expõe pessoas que
poderiam tê-la ajudado e/ou dispensado a ela um tratamento diferente do que
aqueles registrados nas fitas que revelam os 13 porquês.
A série “13 Reasons Why” estreou em março deste ano no
Netflix e é baseada no livro “Thirteen Reasons Why”, de Jay Asher, publicado em
2007, e tem como foco o bullying,
abordado a partir do caso de Hannah Backer, ao mesmo tempo que nos dá margem para debates
sobre os mais variados tipos de violência.
Na medida em que os citados por Hannah têm destaque no
enredo, descobrimos que cada um deles também é vítima de violências similares
às que praticaram com ela ou não, mas que podem ser vistas como causas/gatilhos
para suas ações, porém, nunca como justificativa.
A perspectiva cíclica da violência nos remete a tantos
questionamentos que, apesar de ser uma série classificada como adolescente,
deve ser vista por pessoas de todas as idades, adultos, em especial. Somos responsáveis
pela orientação dos jovens, a começar pelos exemplos que damos em nossos microambientes
cotidianos.
Ao assistir a série, é natural os questionamentos em relação
a postura de Hannah que, como toda adolescente, também comete erros. Porém, as questões
levantadas pela série não devem nos levar a reforçar os julgamentos feitos
sobre Hannah (mesmo que instintivamente sejamos levados a fazer), mas sim a nos
perguntar como evitar/prevenir que o bullying
prevaleça ao ponto de reforçar as estatísticas de casos de suicídio de
jovens.
Existem alternativas! Precisamos discuti-las e dar acesso a elas.
O conteúdo da série, que terá nova temporada, é incômodo. Ao acompanhar a lenta escuta que Clay Jansen faz das fitas, nos perguntamos se não as escutaríamos de uma só vez. Mas ele sofre de transtorno de ansiedade e o conteúdo agrava sua condição. Ou seja, ele também é vítima da sociedade veloz em que vivemos. Como lidar como isso? 😖
Existem alternativas! Precisamos discuti-las e dar acesso a elas.
O conteúdo da série, que terá nova temporada, é incômodo. Ao acompanhar a lenta escuta que Clay Jansen faz das fitas, nos perguntamos se não as escutaríamos de uma só vez. Mas ele sofre de transtorno de ansiedade e o conteúdo agrava sua condição. Ou seja, ele também é vítima da sociedade veloz em que vivemos. Como lidar como isso? 😖
Na verdade, as treze razões apresentadas por Hannah, que vão
de ciberbullying a estupro, são muito
mais do que essas. O convite que a série nos faz é para que saiamos de nossa
zona de conforto para enfrentar temas que tendemos a ignorar ou dizer que essas
pequenas violências são coisas de jovens. Será mesmo?
Cartilha sobre bullying
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, em 2010, uma cartilha
sobre bullying, disponível aqui , que integra o projeto Justiça nas Escolas.
Nesta cartilha estão disponíveis informações sobre o que é,
quais são as variações e como podemos identificar e prevenir o bullying, lembrando que esta é uma
responsabilidade de toda a sociedade e que os agressores tendem a reproduzir a
postura violenta na vida adulta. Ou seja, este debate passa pela reflexão sobre
o tipo de sociedade que queremos e o que estamos fazendo para construí-la.
No canal de streaming Netflix, além da série, está
disponível o “13 Reasons Why: Tentando entender os porquês”, uma conversa com
elenco, equipe de produção e profissionais da área da saúde sobre as cenas que
abordam bullying, depressão e abuso
sexual.
Não só vale, como precisamos encarar o problema!
Não só vale, como precisamos encarar o problema!
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