A partir do prefácio escrito por Ferreira
Gullar, intitulado O Bem-Amado (farsa
sociopolítico-patológica em nove quadros), no qual o poeta apresenta uma
breve análise da obra de Dias Gomes, o leitor é preparado para o que encontrará
no enredo da peça O Bem-Amado.
De acordo com Gullar, a comédia que
chegou ao teatro pela primeira vez em 1968, tem como personagem principal
Odorico que, para ele
(...) é um arquétipo do político brasileiro, uma figura farsesca que, no exagero de seus traços, põe à mostra a enfermidade social. Faz -nos rir dele, faz-nos rir de nós mesmos, induz-nos a curar o mal.
Odorico é o prefeito de Sucupira,
uma cidade pacata do interior da Bahia, que foi eleito sob a promessa de construir
um cemitério na cidade, por entender como humilhação ter que enterrar os mortos
na cidade vizinha.
Quando toma posse, Odorico estuda a
situação financeira da prefeitura e opta por destinar recursos de outras áreas,
como educação e iluminação, para a construção do cemitério.
Com a obra pronta, mas sem
possibilidade de inauguração por falta de um defunto, associada às dificuldades
que as áreas sem recursos começaram a enfrentar – inclusive com a suspensão das
atividades escolares -, a pressão da oposição sobre a gestão de Odorico se
torna cada vez mais enfática.
As críticas ao cemitério sem
serventia e ao caos administrativo feitas pela imprensa reforçam o desespero do
prefeito pela inauguração da obra que, por isso, passa a procurar, de forma
insana, um morto para poder inaugurar o cemitério.
Nesta edição da coleção Saraiva de Bolso,
publicada pela Nova Fronteira, em 2014, o livro conta com 117 páginas que, com
humor, nos levam a refletir sobre a sociedade em que vivemos e o que faremos
para mudar em busca daquilo que compreendemos como sociedade ideal, mesmo que
ela seja utópica, pois deve ser buscada.
Neste período pré-eleitoral, Dias
Gomes nos convida a refletir sobre a seguinte afirmativa:
Em política, dona Dorotéia, os finalmentes justificam os não-obstantes.
Você concorda?
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