07 junho 2018

O Bem-Amado


A partir do prefácio escrito por Ferreira Gullar, intitulado O Bem-Amado (farsa sociopolítico-patológica em nove quadros), no qual o poeta apresenta uma breve análise da obra de Dias Gomes, o leitor é preparado para o que encontrará no enredo da peça O Bem-Amado.

De acordo com Gullar, a comédia que chegou ao teatro pela primeira vez em 1968, tem como personagem principal Odorico que, para ele

(...) é um arquétipo do político brasileiro, uma figura farsesca que, no exagero de seus traços, põe à mostra a enfermidade social. Faz -nos rir dele, faz-nos rir de nós mesmos, induz-nos a curar o mal.

Odorico é o prefeito de Sucupira, uma cidade pacata do interior da Bahia, que foi eleito sob a promessa de construir um cemitério na cidade, por entender como humilhação ter que enterrar os mortos na cidade vizinha.

Quando toma posse, Odorico estuda a situação financeira da prefeitura e opta por destinar recursos de outras áreas, como educação e iluminação, para a construção do cemitério.

Com a obra pronta, mas sem possibilidade de inauguração por falta de um defunto, associada às dificuldades que as áreas sem recursos começaram a enfrentar – inclusive com a suspensão das atividades escolares -, a pressão da oposição sobre a gestão de Odorico se torna cada vez mais enfática.

As críticas ao cemitério sem serventia e ao caos administrativo feitas pela imprensa reforçam o desespero do prefeito pela inauguração da obra que, por isso, passa a procurar, de forma insana, um morto para poder inaugurar o cemitério.

Nesta edição da coleção Saraiva de Bolso, publicada pela Nova Fronteira, em 2014, o livro conta com 117 páginas que, com humor, nos levam a refletir sobre a sociedade em que vivemos e o que faremos para mudar em busca daquilo que compreendemos como sociedade ideal, mesmo que ela seja utópica, pois deve ser buscada.

Neste período pré-eleitoral, Dias Gomes nos convida a refletir sobre a seguinte afirmativa:

Em política, dona Dorotéia, os finalmentes justificam os não-obstantes.
Você concorda?

Nenhum comentário:

Postar um comentário