04 junho 2018

Conape e a gestão participativa


Mural da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG
De 23 a 27 de maio estive em Belo Horizonte (MG) para participar da I Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que aconteceu nos dias 24, 25 e 26, na UFMG e no Expominas, com a participação de cerca de cinco mil pessoas de todo o país e apresentação de 250 trabalhos.

Mais do que uma atividade acadêmica, os eventos da área da Educação são encontros de caráter e exercícios políticos. A gestão participativa é vivenciada em todos os ambientes, com respeito ao indivíduo e ao contraditório, sem distinção por cargos, formação e/ou trajetória.

Para quem não está habituado a participar de tal dinâmica, as discussões coletivas de pormenores em textos e deliberações muito especificas, podem parecer chato -  para mim foram, em alguns momentos -, mas representam a prática da teoria defendida diariamente. É um verdadeiro exercício!

Longe de ter chegado ao ideal, este modelo de eventos e práticas estimula os participantes a darem voz aos pensamentos, crenças e angústias, ao mesmo tempo em que representa o exercício do ouvir o outro, para perceber as contradições e divergências que reúnem um contingente de milhares de pessoas com um único propósito, porém de caminhos diversos, que é a defesa da educação pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade no Brasil

A apresentação de trabalhos segue a mesma dinâmica, sendo dividida em grupos de trabalhos temáticos, com comunicações orais de 10 minutos por integrante, sendo esta dinâmica coordenada por dois professores pesquisadores da área. A eles cabe a conexão entre os trabalhos apresentados e a orientação do debate aberto logo após as exposições.

A troca de informações e o contato com outras perspectivas e realidades sobre o mesmo tema-  neste caso, Valorização Docente - são enriquecedores.

Sobre Belo Horizonte

Mural em prédio localizado á avenida Afonso Pena, BH/MG
Esta foi a segunda vez que estive em Belo Horizonte e a dinâmica do evento possibilitou conhecer mais do cotidiano da cidade. Uma caminhada realizada na abertura da Conape, pelas ruas do centro da cidade, possibilitou a apreensão dos painéis coloridos que surgem no meio do cinza predominante dos prédios da cidade.

Caminhamos da Praça da Liberdade à Praça da Estação Central, onde a abertura oficial da Conferência aconteceu, inclusive, com a participação da ex-presidente Dilma Rousseff.

Sim, a área da Educação é extremamente politizada, mas isso não significa, necessariamente, partidária. O viés de esquerda é declarado e, apesar dos radicais se fazerem presentes em qualquer ambiente, há espaço para as divergências, para o contraditório.

Passeios pelo Mercado Central, bares e restaurantes na região central de Belo Horizonte e a tradicional visita aos pontos turísticos na lagoa da Pampulha -  que estavam fechados por causa da greve dos caminhoneiros -  não poderiam faltar.

Paralisação

Museu Casa Kubitschek, na Pampulha, fechado por causa greve
Os cinco dias de viagem, que começaram com atraso no voo de ida por causa do fechamento do aeroporto de Guarulhos, no dia 22, devido ao mau tempo, foram marcados pela incerteza para a volta, em decorrência do desabastecimento de combustíveis registrado no país com a paralisação dos caminhoneiros.

Testemunhar o caos que uma paralisação como esta – que parou o Brasil – pode causar chega a ser assustador. Em Belo Horizonte, 96% dos postos de combustíveis estavam sem produto desde a sexta-feira, 25 de maio, mesmo dia em que o governo federal ordenou a operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO).

Mesmo com diversos voos, de diversas operadoras, cancelados ao longo do período, o meu foi mantido e o retorno tranquilo, depois de dias à mercê da oscilação dos preços dos transportes na capital mineira.

Contraditório, simbólico e significativo participar de um evento como a I Conape em um momento de fragilidade democrática como o que vivemos no Brasil.

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