06 janeiro 2017

Eat Pray Love – Simples Assim!

A redução dos espaços proporcionada pelas novas tecnologias nos coloca em plataformas virtuais nas quais, cada vez mais, o mais íntimo de cada um é exposto, mesmo que a maioria não se dê conta disso e, muito menos, das consequências. O processo de autoconhecimento é premissa básica para o bom uso das ferramentas que temos à nossa disposição. Mas, se lidar com o exterior não é fácil, encarar a si mesmo é menos ainda, porém, essencial.

O livro “Eat Pray Love” (Comer Rezar Amar), de Elizabeth Gilbert, revela a trajetória da autora durante o ano que dedicou a conhecer a Itália, a Índia e a Indonésia. Uma fuga ao encontro de si mesma. Com histórico de depressão na família, Liz enfrentou os piores momentos da doença durante um doloroso processo de divórcio.

A decisão de dar fim ao relacionamento foi tomada após anos de sofrimento, nos quais a exigência de cumprir os papéis impostos pela sociedade, mas sem significado para ela, ao menos naquele período, passaram a sufocá-la. Uma nova relação não menos problemática se seguiu acompanhada dos momentos de angústia e incerteza.

Dizem que a maioria das pessoas descobre a fé pela dor e com Liz não foi diferente. Os diálogos que passou a estabelecer com a divindade superior a impulsionou a buscar mais sobre si mesma e a fazer o que gosta. Daí a decisão de aprender italiano, apesar de ser um idioma sem muita utilidade, segundo ela. 

Assim, Liz seguiu em viagem para a Itália em busca de vivenciar os prazeres que a vida pode oferecer, sem culpa. Ela encontra! Comida, bebida, alguns quilos a mais, o idioma e, também, a depressão. Como lidar com a doença tão longe de casa – ela mora nos Estados Unidos - e sem querer se render aos medicamentos? Liz encontra na fé as respostas.

O relato do período que Liz passa na Índia é, sem dúvida, o mais intenso. É lá onde ela realmente enfrenta a si mesma. É onde ela é levada a experimentar, por exemplo, ouvir os próprios pensamentos. Ah, como é difícil! Mas quando descobrimos o caminho, temos a clara percepção de que todas as respostas estão em nós.

Encontrar o equilíbrio ou caminho para minimizar os impactos dos fatos do cotidiano é o que todos nós queremos, mas o enfrentamento de si mesmo, leva a maioria das pessoas a buscar outros caminhos. Ao encontrar a ‘fórmula’, Liz dá continuidade à viagem com destino à Indonésia.

Desde os Estados Unidso, Liz não se relacionava com ninguém, mas na Indonésia ela se envolve com um homem – um brasileiro - e teme colocar todas as conquistas a perder. O Guru dela explica que “algumas vezes, perder o equilíbrio por amor é parte de uma vida equilibrada”.💖

O aprendizado adquirido por Liz nos doze meses de viagem representa o processo de autoconhecimento pelo qual precisamos passar, não necessariamente em um ano sabático, como o dela, para que possamos viver o estado de felicidade que tanto buscamos.

Um dos trechos de destaque do livro, para mim, é justamente um dos ensinamentos do Guru a respeito da felicidade. Ele diz que “felicidade é consequência de um esforço pessoal. (…). E uma vez você tenha conquistado este estado de felicidade, você não deve nunca relaxar, mas sim se esforçar para mantê-lo. Caso contrário, você vai perdê-lo.” Ainda segundo ele, “é muito fácil rezar quando você está com problemas, mas continuar rezando quando a crise passar é como um processo de autoproteção que ajuda a sua alma a se manter firme.” 🙏

Ou seja, este é um trabalho preventivo! A ideia é que esperamos a divindade fazer a parte dela, mas e a nossa contrapartida? 

Esta edição do livro é em inglês e foi publicada em 2006 pela Bloomsbury. Esta foi minha segunda leitura e foi ainda mais impactante do que a primeira experiência, acredito que nossa intensa relação com o mundo virtual tem sua parte de responsabilidade nisso. E, apesar de o filme ser bom, nem de longe aborda todos os aspectos que são base do livro, como a questão da depressão. 

“I was not rescued by a prince; I was the administrator of my own rescue.”📚💭

Enfim, é um livro lindo! ☆☆☆☆