27 novembro 2017

Quem matou Pixote?


Fernando Ramos da Silva tinha apenas 13 anos quando estreou no cinema como protagonista do filme Pixote, a Lei do Mais Fraco, em 1980. A oportunidade rendeu ao menino pobre de Diadema (SP) fama, dinheiro e, principalmente, o sonho de uma vida melhor para ele e sua família.

Porém, a realidade mostrou que os sonhos não são tão fáceis de realizar e o astro sucumbiu. Com o dinheiro do filme premiado internacionalmente, Fernando conseguiu comprar uma casa para a família, mas as oportunidades para continuar atuando tornaram-se cada vez mais escassas.

As dificuldades do cotidiano familiar e a pressão do irmão mais velho, que sustentava a casa por sua atuação na criminalidade, levaram Fernando a encarnar a experiência vivida no cinema como Pixote.

No filme, Pixote era um vendedor de chicletes que se envolve com o crime e acaba morto pela polícia. Mesmo que de maneira inconsciente, Fernando reproduz a vida de Pixote ao começar a roubar carros sob a influência do irmão.

A repercussão da primeira prisão de Fernando o transforma em alvo dos policiais que foram criticados pela atuação. A vida do menino que sonhava em seguir a carreira de ator fica cada vez mais difícil, pois de um lado tinha as necessidades diárias a serem supridas por um salário mínimo que não era suficiente para comprar comida para a mulher e filha, recém-nascida. Por outro lado, a pressão do irmão e a perseguição policial se somavam às negativas dos conhecidos para novos papeis.

A sucessão de erros e falta de orientação familiar e também por parte daqueles que apresentaram ao menino pobre de Diadema (SP) uma nova possibilidade de vida culminaram com a morte de Fernando Ramos da Silva, em 25 de agosto de 1987.

A trajetória do menino é retratada no filme Quem Matou Pixote?, lançado em 1996, e revela a execução de Fernando pelos policiais de São Paulo.

O caso também é abordado por Caco Barcellos, no livro Rota 66 – A História da Polícia que Mata, no capítulo 20 intitulado Pixote, como no filme. Nesta passagem da obra, o jornalista relata que um funcionário do hospital municipal de Diadema entrou em contato com ele assim que o corpo de Fernando foi levado para o hospital pelos policiais militares de São Paulo, com a falsa pretensão de socorro para uma vítima fuzilada, à queima-roupa, por sete disparos, dos quais cinco foram no peito, sendo três sobre o coração.
A reflexão sobre esses fatos é mais que necessária! 💭

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