17 novembro 2017

Os Donos do Poder | Capítulo IV



O Capítulo IV do livro Os Donos do Poder | Formação do Patronato Político Brasileiro, de Raymundo Faoro, pode ser identificado como uma etapa de negação não apenas ao que o senso comum afirma a respeito da história do Brasil, mas também às teorias defendidas por historiadores ao longo dos séculos.

Intitulado O Brasil até o Governo Geral, o capítulo nos mostra detalhes da perspectiva de paraíso na terra atribuída à nova região descoberta utilizada para atrair os imigrante; as iniciativas para integrar o novo paraíso à atividade comercial praticada na Europa; como o sistema de colonização do Brasil era uma extensão do sistema de feitorias para o incremento das feitorias portuguesas; como a adoção das capitanias hereditárias enquanto sistemas político e administrativo fortaleceu o vínculo entre Brasil e Portugal; as mudanças na posse da terra que passa a ter ênfase dominial sobre o administrativo; e, mais fortemente, a refutação da existência do sistema feudal brasileiro.


A riqueza dos colonos dos primeiros séculos é uma lenda, enganadoramente criada para embelezar a história.

A linha de pensamento seguida por Faoro visa mostrar ao leitor que a colonização do Brasil seguiu os traços mercantilistas, como mostram a exploração do pau-brasil, do açúcar e das minas de ouro e prata, sempre com características de produto de exportação, para fortalecer o comércio português, abastecer o mercado consumidor europeu e manter a estrutura de Estado de Lisboa e do Brasil.


O inglês fundou na América uma pátria, o português um prolongamento do Estado.

Sob esta perspectiva, Faoro destaca que a propriedade rural no Brasil se organizou e expandiu com o objetivo de explorar os artigos exportáveis que atendiam à demanda do mercado mundial, abastecido por Lisboa.

Para isso, desenvolveu um sistema colonial que era necessário ao comércio e manutenção da conquista da terra, porém, que exigia recursos financeiros de grande monta. Assim incentivou a migração das “sobras da Índia, dos inadequados à jornada, famintos de terras e cobiçosos de fortuna imediata, induzidos pela enganadora visão de paraíso terrestre.”

Para garantir o controle das ações de acordo com as normativas do rei, Brasil “os burocratas de nobre cepa, militares de experiência e tangidos interiormente pelo sentimento de lealdade ao rei”, para comandar a empresa que tinha como maior valor não a terra, mas o escravo.


Não havia, no sistema brasileiro, nem feudo nem o vínculo de vassalagem, triturados ambos pela economia mercantil, derretidos pelo açúcar.

O Capítulo IV de XV, desta obra que, no formato físico conta com 929 páginas, conta com seis partes que, finalizadas, nos levam aos 15% de leitura concluída desta edição em e-book de 2012, publicada pela Globo, que teve a primeira edição publicada em 1958.

Leitura que segue para o Capítulo V – A obra de centralização colonial.

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