06 novembro 2017

Exercícios de Poesia: Textos Esparsos


A leitura do livro Poemas Escolhidos, de Ferreira Gullar, nos últimos meses, transformou em receio o desejo de aventura por poesias de outros autores. O medo de não compreender a forma e o conteúdo de boa parte da obra precisou ser vencido, pois o livro selecionado para o mês de novembro do grupo de leitura #leiamulheresnatal foi Exercícios de Poesia: Textos Esparsos, de Zila Mamede.

Com organização de Humberto Hermenegildo de Araújo, Maria José Mamede Galvão e Marise Adriana Mamede Galvão, a obra foi publicada em 2009 pela Editora da UFRN (Edfurn), em parceria com o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Rio-Grandenses da UFRN, e integra a coleção Estudos Norte-Rio-Grandenses.

Composto por poesias e prosas de Zila Mamede no jornal Tribuna do Norte em 1951 e 1952, o livro é resultado de um trabalho de compilação que reúne textos que não foram incluídos na primeira obra publicada pela autora, em 1953.

Com simplicidade que dá ao trabalho quase que um perfil antagônico ao de Ferreira Gullar, em razão da complexidade textual, Zila Mamede descreve fatos, sentimentos e pessoas, sem rebuscamento.

É difícil dizer até que ponto esta simplicidade, exacerbada em alguns textos, não se torna característica negativa, pois a sensação é de leitura de clássicos do adágio popular como “Batatinha quando nasce...”.

Em alguns poemas, a estrutura textual é capaz de fazer o leitor se perguntar sobre o porquê de a poetisa optar pela estrutura em versos, se determinado pensamento fluiria melhor em prosa.

Aliás, na prosa, Zila Mamede revela um olhar crítico sobre os problemas sociais, como a inexistência de um posto de salvamento na Praia do Meio, local de grande fluxo de pessoas, mas de banho perigoso, onde, em 1985, a própria escritora perderia a vida, vítima de afogamento.

Sobre os temas tratados pela paraibana que se tornou um marco na literatura potiguar, Zila fala sobre liberdade, cotidiano, descoberta de si mesmo, política, por exemplo.

Vale ressaltar que os poemas para políticos como Aluízio Alves reforçam a avaliação da obra como “ok”. Vale a leitura para conhecer o trabalho da escritora, mas sem muito entusiasmo.

 
Momentos

Por que temes a tua hora
De libertação?!
Aceita-a com a mesma força
Como a desejas.
Se a Buscas
Sê indômito para recebe-la
E não te finques apenas no desejo.
A posse é muito mais importante.
E te conduzirá
Para além dos teus limites.
Quando a libertação vier
Não desperdices um sequer instante seu.
Vive-a
Porque somente aí serás tu mesmo.

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