05 maio 2017

Por que é difícil manter o patrimônio público?

Foto: Demiss Roussos
Há alguns dias circula na cidade a informação - já confirmada pela Prefeitura de Natal – sobre a demolição do Teatro Sandoval Wanderley, localizado no Alecrim, depois de quase dez anos fechado e abandonado, para dar lugar a um shopping.

Hoje, o Governo do Estado anunciou a retomada da gestão da Fortaleza dos Reis Magos por um período de 20 anos. A primeira iniciativa, de acordo com a assessoria de comunicação do Executivo, será a total restauração da infraestrutura, abandonada há pelo menos quatro anos.

Outro ponto cultural do qual ninguém mais fala por falta de perspectiva de reabertura é a Biblioteca Câmara Cascudo, fechada e também abandonada desde 2012 para uma reforma nunca concluída, sob a responsabilidade da Fundação José Augusto.

Não seria difícil aumentar a lista com outros patrimônios públicos abandonados, não apenas em Natal, mas em todo o Rio Grande do Norte. Mas vamos nos concentrar nestes três que não só representam a falta de zelo dos administradores públicos com a coisa pública, mas também conosco, pois por não cuidarem daquilo que é de responsabilidade deles, nos privam de usufruir daquilo que é nosso.

O Teatro Sandoval Wanderley, a Fortaleza dos Reis Magos e a Biblioteca Câmara Cascudo são mais do que prédios públicos, eles representam a história da cidade e do Estado. A construção de cada uma dessas estruturas carrega parte de quem nós somos e das influências que trazemos em nosso cotidiano, mesmo sem perceber.

Além disso, os três prédios são pontos que deveriam ser usados para o fomento à cultura, uma alternativa para o engajamento de jovens e adultos. Mas não. A destruição já chegou ao Sandoval Wanderley, local que poderia continuar a abrigar eventos populares, como há não muito tempo acontecia, e que são carentes de espaços.

Quem são os responsáveis por esta depredação?

Não podemos afirmar ser apenas um problema da atual gestão – seja ela municipal ou estadual -, pois a deterioração dessas estruturas acontece há anos. Porém, podemos sim afirmar que a classe política potiguar, juntamente com aqueles que construíram carreiras ao lado dela, é num todo responsável pelo caos que testemunhamos no momento. Afinal de contas, as personagens da política local são sempre as mesmas, brincando apenas da dança das cadeiras e às vezes nem isso.

Todos clamam por segurança, mas ninguém encontra resposta exequível para reverter o quadro da criminalidade local. Se a falta de manutenção e investimento em equipamentos de cultura, esporte e lazer permanecer, também não haverá mudança no quadro da segurança nem mesmo no médio e/ou longo prazo.

Nós, cidadãos, que não integramos o jogo da politicagem, mas pagamos impostos e temos o direito de ver o dinheiro público bem aplicado, também somos responsáveis por permitir a manutenção de esquemas incapazes de manter minimamente o que já existe. Não conseguir isso é declaração de incompetência gerencial e esta não deve ser agraciada com uma recondução ao cargo.

Por essas e outras é que precisamos rever os conceitos que embasam nossas escolhas a cada eleição.

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