Foto: Demiss Roussos |
Há alguns dias circula na cidade a informação - já
confirmada pela Prefeitura de Natal – sobre a demolição do Teatro Sandoval
Wanderley, localizado no Alecrim, depois de quase dez anos fechado e abandonado,
para dar lugar a um shopping.
Hoje, o Governo do Estado anunciou a retomada da gestão da
Fortaleza dos Reis Magos por um período de 20 anos. A primeira iniciativa, de acordo
com a assessoria de comunicação do Executivo, será a total restauração da
infraestrutura, abandonada há pelo menos quatro anos.
Outro ponto cultural do qual ninguém mais fala por falta de
perspectiva de reabertura é a Biblioteca Câmara Cascudo, fechada e também
abandonada desde 2012 para uma reforma nunca concluída, sob a responsabilidade
da Fundação José Augusto.
Não seria difícil aumentar a lista com outros patrimônios públicos
abandonados, não apenas em Natal, mas em todo o Rio Grande do Norte. Mas vamos
nos concentrar nestes três que não só representam a falta de zelo dos administradores
públicos com a coisa pública, mas também conosco, pois por não cuidarem daquilo
que é de responsabilidade deles, nos privam de usufruir daquilo que é nosso.
O Teatro Sandoval Wanderley, a Fortaleza dos Reis Magos e a
Biblioteca Câmara Cascudo são mais do que prédios públicos, eles representam a
história da cidade e do Estado. A construção de cada uma dessas estruturas
carrega parte de quem nós somos e das influências que trazemos em nosso
cotidiano, mesmo sem perceber.
Além disso, os três prédios são pontos que deveriam ser usados
para o fomento à cultura, uma alternativa para o engajamento de jovens e adultos.
Mas não. A destruição já chegou ao Sandoval Wanderley, local que poderia
continuar a abrigar eventos populares, como há não muito tempo acontecia, e que são carentes de espaços.
Quem são os responsáveis por esta depredação?
Não podemos afirmar ser apenas um problema da atual gestão –
seja ela municipal ou estadual -, pois a deterioração dessas estruturas
acontece há anos. Porém, podemos sim afirmar que a classe política potiguar, juntamente
com aqueles que construíram carreiras ao lado dela, é num todo responsável pelo
caos que testemunhamos no momento. Afinal de contas, as personagens da política
local são sempre as mesmas, brincando apenas da dança das cadeiras e às vezes
nem isso.
Todos clamam por segurança, mas ninguém encontra resposta
exequível para reverter o quadro da criminalidade local. Se a falta de manutenção
e investimento em equipamentos de cultura, esporte e lazer permanecer, também não
haverá mudança no quadro da segurança nem mesmo no médio e/ou longo prazo.
Nós, cidadãos, que não integramos o jogo da politicagem, mas
pagamos impostos e temos o direito de ver o dinheiro público bem aplicado, também
somos responsáveis por permitir a manutenção de esquemas incapazes de manter minimamente
o que já existe. Não conseguir isso é declaração de incompetência gerencial e esta
não deve ser agraciada com uma recondução ao cargo.
Por essas e outras é que precisamos rever os conceitos que embasam nossas escolhas a cada eleição.
Por essas e outras é que precisamos rever os conceitos que embasam nossas escolhas a cada eleição.
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