22 maio 2017

O Senhor dos Anéis | O Retorno do Rei

Na contracapa da edição de “O Senhor dos Anéis”, em volume único, publicada pela editora Martins Fontes em 2002, há uma citação do The Sunday Times que diz: “O mundo está dividido entre aqueles que já leram O Hobbit e O Senhor dos Anéis e aqueles que ainda não leram.”. A afirmação não é à toa!

Após a conclusão da leitura de “O Retorno do Rei”, terceira parte da trilogia na qual J. R. R. Tolkien nos conta a saga de Frodo para destruir o Um Anel no fogo da Montanha da Perdição, é possível entender o porquê de uma obra lançada em 1954 despertar tanto interesse e paixão, assim como ser frequente objeto de estudos acadêmicos.

Tolkien não criou apenas uma história de ficção, mas também um novo habitat para o desenvolvimento do enredo, o que inclui novos seres, idiomas, formas de associação entre vivos e mortos, assim como todo o imaginário que povoa a literatura fantástica.

O aspecto descritivo que marca o trabalho do escritor inglês configura a maneira de dar vida, na medida em que a leitura avança, a todos os aspectos físicos e geográficos que formam a Terra Média, palco da travessia e das lutas físicas e morais travadas pelas personagens.

Lealdade é a palavra que resume o terceiro livro. Nas mais de trezentas páginas de “O Retorno do Rei” o leitor acompanha, em capítulos intercalados, os momentos críticos da caminhada de Frodo, Sam e Sméagol em direção ao coração de Mordor, fortaleza de Sauron e seus seguidores que buscam o Um Anel para consolidar o poder do mal e subjugar a Terra Média, e as batalhas travadas em pontos diversos da região pelos integrantes da “Sociedade do Anel”, tanto para resistir ao poder se Sauron, como para desviar a atenção dele da região escolhida por Frodo para chegar ao destino que o permitirá cumprir a missão que lhe foi dada.

Tolkien nos leva a perceber que, seja na vida e/ou nas relações que estabelecemos, não existem certezas e nem mesmo questões definitivas. O que há é a decisão de cada um em se manter leal aos valores que nos formam e àqueles que, de uma forma ou de outra, somam em nossa trajetória, apesar das adversidades enfrentadas.

Capacidade de análise, percepção do outro e das mais variadas situações, intensidade das relações são elementos que o autor aborda neste livro, ao mesmo tempo em que levanta questões como a preservação do meio ambiente, questão de gênero e diversidade, sempre de maneira leve, mas suficientemente clara para nos tirar da zona de conforto.

A preservação dos seres e de suas respectivas relações passa pelo respeito à individualidade do outro, mas, sobretudo, pelo entendimento de que apesar das diferenças que nos tornam únicos, somos indivíduos em busca de sobrevivência e que, para garanti-la, precisamos estabelecer e manter as mais saudáveis associações, para todos os envolvidos.

O que Tolkien nos mostra é que, sim, sempre haverá alguém, ou alguns, que pensarão mais em si mesmos dos que na coletividade e que, por esta razão, terão como prioridade o acúmulo máximo de poder, independente do que isso represente ou cause aos outros.

Os integrantes da “Sociedade do Anel” não só resistem ao mal de Sauron, como defendem Frodo que, em toda a caminhada, é preservado e cuidado por Sam. É Sam quem nos põe em contato com o amor fraternal em sua mais pura essência. A parceria entre eles e a ligação com todo o grupo, nos mostra que até podemos avançar um pouco sozinhos, mas em parceria com aqueles que estão dispostos a somar, de maneira despretensiosa, somos capazes de realizações consideradas até então impossíveis.

Esta é uma obra que vale ser lida e relida, pois nos leva a muitas reflexões e ensinamentos de vida, como a necessidade de estarmos abertos a aceitar os desafios que a vida nos apresenta, pois, a ajuda virá, se assim permitirmos. Os leais sempre estarão ao nosso redor. J
O orgulho seria tolice, se desdenhasse ajuda e aconselhamento na necessidade, mas você distribui essas dádivas de acordo com seus próprios desígnios.
O Retorno do Rei | O Filme

Assim como aconteceu com “A Sociedade do Anel” e “As Duas Torres”, o filme “O Retorno do Rei” não é totalmente fiel ao livro, mas não foge muito. O filme em si é muito bom, para quem gosta do estilo. Em termos de fotografia e efeitos, não só o terceiro filme, mas esta é uma trilogia fantástica! Mas, como toda obra adaptada, a leitura dos livros leva à criação de algumas expectativas praticamente impossíveis de serem correspondidas. Os diretores são obrigados a fazer escolhas e adaptações que nem sempre agradam, mas no geral, o terceiro filme -  e os dois anteriores – valem o tempo dedicados a ele.

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