Desde que o mundo é mundo, boa parte dos brasileiros têm em
mente o sonho de ver o Brasil constituído como os Estados Unidos. Muito dessa
ideia se deve a imagem de ser a terra do Tio Sam um ambiente favorável ao
crescimento todos, como mérito aos esforços individuais, o que resulta em uma
boa qualidade de vida. Mas, será que a realidade é mesmo essa?
Com 1h12 de duração, o documentário “Requiem for the
American Dream”, lançado em 2015 sob a direção de Peter D. Hutchison, Kelly
Nyks e Jared P. Scott, traz o resultado de quatro anos de entrevistas com o linguista,
filósofo, cientista e professor do Massachusetts
Institute of Technology (MIT), Noam Chomsky, no qual ele fala sobre os dez princípios
da concentração de riqueza e poder e como estes incrementam as desigualdades
sociais nos Estados Unidos.
O professor apresenta como referências à sua argumentação
nomes como Adam Smith, Aristóteles e James Madison, por exemplo, em uma análise
histórica que revela o quanto as desigualdades sociais destroem a democracia.
Chomsky observa que a concentração da riqueza em 1/10 da população norte-americana
resulta em uma realidade opressora que busca, cada vez mais, impedir que o
poder político fique nas mãos do povo, de acordo com os preceitos democráticos.
Para explicar como este pequeno grupo consegue atingir seus
objetivos, deixando a sociedade cada vez mais sem esperanças de mudanças,
melhorias e possibilidade de conquistar o sonho americano, ele pontua e analisa
cada um dos princípios que orientam o grupo detentor de poder econômico e
político para a concentração de riqueza:
- Reduzir a Democracia
- Moldar a ideologia
- Redesenhar a economia
- Deslocar o fardo (dos mais ricos para os mais pobres)
- Atacar a solidariedade
- Atacar os reguladores
- Controlar as eleições
- Manter a ralé na linha
- Consentimento na produção (criar consumidores)
- Marginalizar a população
Segundo Noam Chomsky, tais princípios levam à concretização da
ideia mais vil apresentada por Adam Smith, em sua “A Riqueza das Nações”: “Tudo
para nós, nada para eles. ”
Apesar de o documentário, disponível no Netflix, traçar um
histórico a respeito da trajetória norte-americana, este também pode ser visto
como um retrato do que está acontecendo no Brasil desde o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016; do futuro que nos espera; da
repressão aos movimentos sociais; da força do poder econômico; do
individualismo cada vez mais acentuado e estimulado para minimizar as
possibilidades de fortalecimento da sociedade civil organizada, para que se
torne menos questionadora e mais subserviente.
O filme é encerrado com a citação de Noam Chomsky a uma
frase do historiador e cientista político também norte-americano, Howard Zinn,
que diz: “O que importa são os incontáveis pequenos atos de pessoas
desconhecidas, que fundam as bases para os eventos significativos que se tornam
história. ”
Esta é uma reflexão mais do pertinente ao momento, ela é
necessária!
Nenhum comentário:
Postar um comentário