07 junho 2016

Maquiar não é cuidar

Como não amar uma cidade tão bela quanto Natal? O clima, as praias, as pessoas, o conjunto da obra -  como costumamos dizer – faz da capital potiguar um dos destinos turísticos mais procurados (e caros!!!!) por turistas brasileiros e do exterior. 

É natural que esta procura resulte em uma preocupação por parte dos gestores públicos para manter a cidade organizada, limpa e bonita aos olhos dos visitantes e, é claro, dos natalenses. 

Apesar dos esforços, alcançar os resultados esperados não é tão fácil. Há menos de um mês, uma amiga passou uns dias em Natal e achou a cidade malcuidada em comparação a outros períodos. 

Disse a ela que para quem viveu o nefasto período da gestão Micarla de Sousa, que conseguiu deixar a cidade literalmente submersa no lixo, o momento atual é de pura glória para os moradores. O problema é que quando não temos parâmetros de qualidade adequados, qualquer coisa feita parece ser muito, mesmo que de fato não seja.

E neste sentido, vale ressaltar que amar não significa não ver aquilo que precisa ser corrigido na Noiva do Sol. Penso que, na verdade, a questão é exatamente o contrário disso, afinal, quem ama cuida e quem cuida quer melhorias, mesmo compreendendo que existem limitações e que, na medida em que um problema for resolvido, outro surgirá.

Quem acompanha as redes sociais deve ter visto alguns dos debates a respeito da instalação de letreiros de concreto com o nome da cidade em três pontos da capital. O primeiro foi inaugurado ontem, em Areia Preta. Mais dois serão instalados em Ponta Negra e na Redinha. O problema, apontam alguns, não está na instalação dos letreiros, mas na falta de manutenção e preservação de equipamentos já existentes, como as praças.

Segundo informações divulgadas pela Prefeitura, o letreiro instalado em Areia Preta custou 40 mil reais, tem 1,70m de altura, é formado por letras preenchidas - não ocas - de concreto e será permanente. O acabamento da estrutura foi feito com uma pintura especial idealizada pelo artista plástico Flávio Freitas. O investimento tem como objetivo fazer da obra um atrativo turístico.
Passei correndo por lá hoje e posso afirmar que o letreiro já é ponto de parada de quem passa pelo local. O intenso movimento torna quase impossível fazer uma foto sem ter ninguém entre as letras. Isso significa que o objetivo da Prefeitura foi alcançado? Aí depende do referencial.

Tornar a praça da Jangada um ponto turístico que vai ajudar na divulgação da cidade é uma boa iniciativa. Sem dúvida. Mas, e a praia, abaixo do letreiro, interditada há não sei quanto tempo devido à poluição causada pelo esgoto que é jogado ali? 

Não me lembro a última vez que coloquei os pés na areia dessa praia, avalie a última vez que ousei entrar naquele belo mar. Apenas o admiro, pois não são raros os casos de pessoas que contraíram problemas de pele por ignorar os avisos de interdição.

Além da poluição da praia que a tornou imprópria para banho, o calçadão continua malconservado, com buracos e forte odor em alguns trechos, sem falar na falta de policiamento. E não adianta dizer que a responsabilidade pela solução de todas essas questões não é só da Prefeitura. Buscar ações integradas é mais do que uma necessidade é obrigação do gestor para otimizar o uso do recurso público, escasso por natureza.

O turista vai parar para fazer foto no letreiro. Mas, além dele, vai ver a falta de cuidado com a praia e o entorno. Afinal, gastar em maquiagem, não é cuidar da cidade. 

A foto tirada no meio da corrida está péssima, mas é a que tem! =P