Ser mulher neste período representa ter dois caminhos bem
delineados, um bom casamento ou a atuação como tutora, no caso daquelas que
tiveram acesso à boa educação. Fora desses espectros, nenhuma possibilidade de interação
com a alta sociedade.
Com posses e boa educação, Emma tem a autonomia de poucas
mulheres. Optou por não casar para manter a independência, mas desenvolveu o
hábito de resolver a vida das amigas em condições menos favorecidas.
Neste caminho baseado no julgamento que faz sobre si mesmo e
daqueles que estão ao seu redor, acredita estar habilitada para tomar decisões sobre
a vida do outro, independente do desejo do indivíduo.
Manipuladora, Emma tem dificuldades para lidar com o contraditório,
mas procura manter uma postura conciliatória em momentos de divergência.
Apesar do quadro não muito favorável à protagonista de Jane
Austen, a possibilidade que o leitor tem de acompanhar o fluxo de consciência de
Emma o leva a perceber as boas intenções que a movem e a angústia que a corrói
quando percebe ter cometido equívocos de julgamento.
Ela sabia que o tempo curaria as feridas.
Emma é, até aqui, a demonstração de que o ser humano é complexo
por natureza e que não há espaço para maniqueísmo no julgamento dela. É preciso
perceber que não somos cem por cento bons, nem cem por cento maus, somos o
resultado de uma junção de valores e experiências que moldam a nossa conduta de
acordo com as circunstâncias.
Assim, Emma é a representação de nós mesmos e Jane Austen
uma eximia escritora ao nos propor esta autoanálise.💭
Leitura que segue!
ð
Dia 61 |
365
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