Em uma crônica intitulada Anúncios... Anúncios..., Lima Barreto apresenta ao leitor um diálogo
entre dois amigos a respeito dos anúncios publicados em jornais e o quanto
podemos conhecer sobre nós mesmos e sobre a sociedade na qual estamos inseridos,
nos mais variados espaços.
Um dos personagens chega ao escritório do outro para
conversar e encontra o amigo deitado, lendo o jornal. Mesmo concentrado na leitura,
convida o amigo que acabara de chegar a entrar, mas não larga o jornal.
O visitante perde a paciência, se aborrece com a falta de atenção,
acende um cigarro e questiona o anfitrião o que ele lê de tão importante?
Enfaticamente, ele responde:
Verifico nos anúncios velhos conceitos e preconceitos.
E vai além ao observar o que é possível concluir ao ler as
mensagens publicadas:
Mais vale depender dos grandes e dos poderosos do que dos pequenos que tenham, porventura, uma acidental distinção pessoal. O doutor burro é mais pedante que o doutor inteligente e ilustrado.
Barreto nos convida a exercitar o olhar a partir da leitura
do outro, da análise da coerência [ou da falta dela] entre o que se diz e se
faz, tendo em vista nossas atividades dizerem muito mais sobre nós do que somos
capazes de expressar.
⇒ Dia 71 | 365
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