01 maio 2018

Documentando as leituras


Há algumas semanas, a professora de uma das disciplinas do Doutorado destinou parte da aula para ressaltar a importância da elaboração de resenhas.

Segundo ela, este modelo de trabalho é um ótimo exercício de escrita e elaboração de artigos científicos, razão pela qual estimulou a turma à prática, por meio de orientações técnicas e o compartilhamento de resenhas publicadas em relevantes revistas acadêmicas.

O estímulo chegou justamente em um período no qual, por diversas razões, a escrita estava suspensa no blog. É indiscutível o quanto este exercício me mantém aprimorando a escrita e, também, registrando as impressões de leitura que podem se apagar com o tempo.

Um bom exemplo da importância do registro das leituras é o projeto -  em andamento eterno - Os Donos do Poder, de Raymundo Faoro. As paradas na leitura desta extensa e densa obra não impediram a retomada do projeto graças ao diário de leitura, que me ajuda a relembrar fatos e dados importantes para a retomada do livro.

Na perspectiva acadêmica, Antônio Joaquim Severino, em Metodologia do Trabalho Científico, destina um capítulo do livro para tratar da relevância da documentação das leituras. O autor destaca que este registro deve ser de livros lidos na íntegra, capítulos, artigos e demais materiais que apresentarem conteúdo relevante para a formação do indivíduo.

Não traz resultados positivos para o estudo ouvir aulas, por mais brilhantes que elas sejam, nem adianta ler livros clássicos e célebres. Isso só tem algum valor à medida que se traduzir em documentação pessoal, ou seja, à medida que esses elementos puderem estar à disposição do estudante, a qualquer momento de sua vida intelectual.

A prática da documentação pessoal deve, pois, tornar-se uma constante na vida do estudante: é preciso convencer-se de sua necessidade e utilidade, coloca-la como integrante do processo de estudo e criar um conjunto de técnicas para organizá-la. (SEVERINO, 2002, p.36 – 37)

Para este propósito, Severino (2002) destaca três métodos de documentação: a documentação temática, a documentação bibliográfica e a documentação geral. Segundo o autor, o sistema de aprendizagem é algo eminentemente pessoal e, por esta razão, é preciso que cada estudante identifique as técnicas com as quais se identifica.

Por aqui, serão usados os modelos de ficha de documentação bibliográfica e a resenha crítica, visto que ambas apresentam formatos similares ao já utilizado neste blog.

Vale ressaltar que, para Lakatos (2001), em Metodologia do Trabalho Científico (sim, as obras são homônimas!), a resenha crítica consiste na leitura, resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feito pelo resenhista. (LAKATOS, 2001, p.89). Isso significa dizer que a resenha crítica é uma versão ampliada da proposta da documentação bibliográfica.

De uma forma ou de outra, retomamos os registros das leituras neste espaço, tanto para compartilhar o conhecimento, como para consultá-lo quando desejado e necessário! 😊

 Referências:
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica e relatório, publicações e trabalhos científicos / Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. – 6.ed.- São Paulo: Atlas, 2001

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico / Antonio Joaquim Severino. – 22.ed.rev.e ampl. de acordo com a ABNT -  São Paulo: Cortez, 2002

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