25 fevereiro 2018

Sobre autorreflexão acadêmica


Na última sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018, assisti a duas defesas de trabalhos de conclusão de curso do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN, ao qual estou vinculada como doutoranda.

Os alunos regulares dos cursos de mestrado e doutorado são orientados a participar desses momentos que, para muitos, é apenas protocolar, mas que, na verdade, representam uma oportunidade única de reflexão aprofundada sobre a temática do trabalho apresentado.

A primeira defesa que acompanhei foi a da tese da doutoranda (agora doutora!) Adriana e Silva Sousa, intitulada As condições de trabalho de professores do ensino médio em escolas estaduais da cidade de Teresina – PI. Além do orientador e dos três professores do PPGEd | UFRN, a banca examinadora contou com a participação da professora Dalila Andrade de Oliveira (UFMG).

Para compreender a análise do objeto de pesquisa, os professores e a doutoranda discutiram a respeito do referencial teórico que tratou sobre o neoliberalismo, neodesenvolvimentismo, Nova Gestão Pública, estruturação de carreira, sociologia das profissões, mudanças na legislação, Taylorismo-Fordismo, Toyotismo, revisão do modelo clássico liberal, o redimensionamento do Estado, ampliação dos direitos sociais, entre outros temas, além de destacar a importância da mediação entre os tempos, tendo em vista a teoria ter sido elaborada em um contexto diferente do qual está sendo aplicado.

Toda essa discussão foi permeada pela indicação de referências que embasam os argumentos apresentados e são uteis não apenas para a doutoranda, mas para os estudantes e professores que participam do momento e têm interesse na temática e/ou alguns dos pontos abordados.

A segunda defesa do dia foi a da dissertação da então mestranda Maria Luciene Urbano de Barros, que teve como tema Função política-pedagógica do conselho escolar da Escola Municipal Professor Antônio Campos. O professor externo à instituição foi Swamy de Paula Lima Soares, da UFPB.

Neste caso, a discussão partiu dos teóricos sobre o poder, autoridade e educação, como Platão, Aristóteles, Marx, Engels, Hannah Arendt, Paulo Freire, Libaneo, Luiz Dourado, Bresser-Pereira, Norberto Bobbio, entre outros, para possibilitar a reflexão sobre a análise da democracia e da gestão democrática, em especial, a participação dos conselhos escolares no fortalecimento da identidade e da cultura escolar, assim como a importância da formação docente, por vezes precarizada.

Destaque para as dicas de leituras, como a obra de István Mészáros (filósofo húngaro, apontado entre os mais importantes intelectuais marxistas da atualidade); A criança fala – A Escuta de Crianças em Pesquisa, de Silvia Helena Vieira Cruz; Estado Pós-Democrático – Neo-obscurantismo e Gestão dos Indesejáveis, de Rubens R. R. Casara; e Assimetria e Desafios na Produção do Conhecimento – A Pós-graduação nas Regiões Norte e Nordeste (Anped).

Como bem disse um dos professores durante as defesas, a banca é um momento de autorreflexão acadêmica! E como!😊

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