Em um texto curto, característica da crônica, Lima Barreto
sugere ao leitor uma reflexão sobre o significado da Proclamação da República,
em 15 de novembro, primeira narrativa
do livro Crônicas de Lima Barreto,
nesta edição em formato e-book da coleção Clássicos Para Todos, da Saraiva.
Escrito em 16 de novembro de 1921, Barreto se questiona
sobre o que é e como não deveria ser a República, 32 anos depois da Proclamação,
data também do falecimento da princesa Isabel que, apesar de revelar não a
exaltar como faziam os jornais à época, tinha simpatia por ela.
As questões colocadas por Barreto, quase um século depois da
publicação do texto, se mantêm permanentes. O autor registra as declarações de
políticos sobre a crise social que vivia o império Austríaco, apesar de não ver
lamento sobre a situação de miséria da Favela do Salgueiro, no Rio de Janeiro.
Ressalta ainda o pedido de cinco mil contos feito pelo prefeito
para restaurar a avenida Beira-Mar, destruída recentemente pelo mar. Diante dos
fatos, Barreto pergunta:
Será que a República é o regime de fachada, da ostentação, do falso brilho e luxo porvenu, tendo como repoussoir a miséria geral?
Por não se achar capaz de responder a tais questionamentos,
ou mesmo por pura ironia, apenas, joga para o leitor a relevância do debate
político e econômico em um ano de eleições presidenciais. Lamenta pelo fato de
o embate de ideias estar restrito ao título do Código Penal.
A ironia é a tônica da estruturação das linhas que terminam
com o escritor chegando em casa para almoçar e, melancolicamente, lembrando que
o 15 de novembro era uma data que a história mostrava ser um marco na evolução
política do Brasil.
E então... 💭
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