20 fevereiro 2018

15 de novembro


Em um texto curto, característica da crônica, Lima Barreto sugere ao leitor uma reflexão sobre o significado da Proclamação da República, em 15 de novembro, primeira narrativa do livro Crônicas de Lima Barreto, nesta edição em formato e-book da coleção Clássicos Para Todos, da Saraiva.

Escrito em 16 de novembro de 1921, Barreto se questiona sobre o que é e como não deveria ser a República, 32 anos depois da Proclamação, data também do falecimento da princesa Isabel que, apesar de revelar não a exaltar como faziam os jornais à época, tinha simpatia por ela.

As questões colocadas por Barreto, quase um século depois da publicação do texto, se mantêm permanentes. O autor registra as declarações de políticos sobre a crise social que vivia o império Austríaco, apesar de não ver lamento sobre a situação de miséria da Favela do Salgueiro, no Rio de Janeiro.

Ressalta ainda o pedido de cinco mil contos feito pelo prefeito para restaurar a avenida Beira-Mar, destruída recentemente pelo mar. Diante dos fatos, Barreto pergunta:

Será que a República é o regime de fachada, da ostentação, do falso brilho e luxo porvenu, tendo como repoussoir a miséria geral?

Por não se achar capaz de responder a tais questionamentos, ou mesmo por pura ironia, apenas, joga para o leitor a relevância do debate político e econômico em um ano de eleições presidenciais. Lamenta pelo fato de o embate de ideias estar restrito ao título do Código Penal.

A ironia é a tônica da estruturação das linhas que terminam com o escritor chegando em casa para almoçar e, melancolicamente, lembrando que o 15 de novembro era uma data que a história mostrava ser um marco na evolução política do Brasil.

E então... 💭

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