11 abril 2017

A Riqueza das Nações #3

As resenhas dos livros teóricos nos ajudam a compreender melhor as reflexões propostas por aqueles que nos guiam em suas respectivas viagens. Para retomar o registro do pensamento de Adam Smith, com base em dos cinco livros que compõem os dois volumes da obra, retomei as marcações e anotações do livro três para recompor as ideias.

Mesmo para os que têm boa memória, ela pode nos trair ou, ao menos, não ser completa, por fixar apenas alguns dos aspectos mais marcantes abordados pelo autor. Foi exatamente isso o que aconteceu com o Livro III, intitulado “Diferentes progressos da riqueza em diferentes nações”.
O aspecto mais marcante deste tópico e que vem orientando as ideias há meses é a questão logística abordada por Smith, ao nos mostrar os custos do investimento em determinadas práticas comerciais, em especial o comércio exterior.

Sim, Smith nos mostra vantagens e desvantagens a serem consideradas na prática do comércio, e não apenas exterior, especialmente no tocante aos custos com transporte. Porém, antes de chegar a esta discussão, o autor nos mostra a dependência das grandes cidades daquilo que é produzido no interior, no campo.

O investimento na terra resulta em maior produtividade e, consequentemente, lucro. Esta é a ideia defendida por Smith, ao destacar que, apesar deste ser um fato concreto, os pequenos produtores tendem a investir grande montante na melhoria da terra, ao contrário do que faz o grande proprietário, mais preocupado consigo mesmo, prefere poupar e investir apenas o lucro da renda anual.
Créditos: http://www.victorianweb.org/economics/smith.html
Tudo para nós, e nada para os outros -  essa parece ter sido, em todas as épocas do mundo, a máxima vil dos senhores da humanidade. Assim, logo que puderam achar um meio de consumir o valor total de suas rendas, não tiveram mais disposição a dividi-las com quaisquer outras pessoas. Adam Smith | A Riqueza das Nações I 📚💭
Apesar disso, observa Adam Smith, a busca pela máxima produtividade e o incremento do lucro é uma constante. Mas para isso, diz, é necessário primeiro viabilizar a subsistência, tendo em vista que apenas o excedente da produção poderá ser levado ao mercado interno e externo.

O incremento da produção, por outro lado, depende da relação que o trabalhador tem com a terra. Dessa perspectiva, Adam Smith nos revela, em “A Riqueza das Nações”, que quanto maior a possibilidade de ganho percebida pelo trabalhador, maior o seu empenho. Assim, o escravo não vê vantagem em uma maior dedicação ao trabalho para o aumento da produtividade, se não obterá lucro. Postura que difere daquela apresentada pelo homem livre, sempre em busca de melhorias para si mesmo e sua família, a partir do investimento na terra para conquistar conforto que vá além da subsistência.

O grande proprietário não gosta dessa relação. Para estabelece-la precisa negociar com o trabalhador livre ao invés de apenas ordenar atividades ao escravo. O orgulho, segundo Smith, é uma peça importante neste processo que dificulta o desenvolvimento das nações, o incremento da riqueza e a melhor oferta de produtos, bem como o acesso a eles.

É com o excedente produtivo que resulta desta relação desenvolvida no campo que se constitui a possibilidade de abastecimento dos suprimentos das cidades e do estabelecimento do comércio exterior. É também a partir do investimento na melhoria da terra e no trabalho nela desenvolvido que há possibilidade de redução do preço da matéria-prima, novamente devido ao incremento do excedente produtivo, que aumenta o acesso às manufaturas, pela redução dos cursos de produção das mesmas.

Assim, para Adam Smith, com base neste pensamento, todos ganham.