Os livros que li que abordam a Teoria Geral da Administração
têm, geralmente, dois formatos. Ou apresentam as escolas da Administração em
ordem cronológica de sistematização da ciência administrativa ou pelo
instrumental que essas abordagens oferecem para nos ajudar no processo de levar
as organizações a atingir a máxima produtividade.
Uma das coisas que sempre me envolve nesse tipo de leitura,
seja em um formato ou no outro, é a necessidade de contextualização histórica
para o surgimento de determinada forma de pensar o fazer administrativo, que
tem como objetivo expor a justificativa às mudanças propostas.
Esta necessidade nos leva a perceber que apesar de a
proposta da sistematização da ciência administrativa, seja ela de maneira
prescritiva ou descritiva, ser de mostrar o caminho ao êxito a ser seguido pelo
administrador, a capacidade de análise de analisar e diagnosticar a situação
enfrentada - e identificar os desafios e as oportunidades que ela apresenta - é
que orientará a escolha pelo uso deste ou daquele instrumental, quando não de
uma miscelânea de boa parte deles.
Porém, o convite ao exercício do olhar analítico não aparece
de forma explícita em boa parte do material disponível por aí, o que leva a
perguntas frequentes sobre qual é a melhor teoria, se é que ela existe.
Uma boa exceção a esta regra é o livro “Imagens da
Organização”, de Gareth Morgan, publicado pela editora Atlas, em 1996, com 389
páginas. A segunda edição foi lançada em 2002.
Esta obra propõe a interpretação da organização a partir de
metáforas:
A metáfora da máquina sugere uma abordagem mecanicista. A metáfora orgânica sugere como é possível organizar de um modo melhor que atenda às necessidades ambientais. A metáfora do cérebro contribui para um planejamento voltado para facilitar a aprendizagem e a inovação. A metáfora da cultura demonstra como pode vir a ser possível administrar o sentido. A metáfora política ensina como agir politicamente. A metáfora da prisão psíquica indica como é possível escapar de armadilhas cognitivas. A metáfora do fluxo mostra como é possível influenciar a mudança. A metáfora da dominação revela uma forma de enfatizar e de oferecer resistência a processos de dominação por parte da sociedade. ” (p.341)
Compreendendo que metáforas são figuras de linguagem que
estabelecem relações de semelhança entre aquilo sobre o qual se expressa e o
que esta expressão representa, Morgan ressalta que as organizações precisam ser
compreendidas como ambientes complexos, ambíguos e marcados por paradoxos. Para
lidar com esta realidade, ele ressalta ao leitor que é preciso “desenvolver
suas habilidades na arte de ‘ler’ as situações que estão tentando organizar ou
administrar.”.
Em um texto denso, Morgan explica cada uma das metáforas a
partir de um referencial teórico que integra tanto a Teoria Geral da
Administração, como referências da literatura e história mundial, filmes,
exemplos de diversas organizações, públicas e privadas, e a análise das
situações apresentadas visando garantir o entendimento do leitor.
Além das especificidades das metáforas apresentadas serem
prontamente identificadas com as características das Escolas da Administração,
facilitando o que facilita inda mais a compreensão da abordagem apresentada,
Morgan traz no penúltimo capítulo do livro um exercício realizado em parceria
com o leitor para que este vivencie a proposta e possa aprimorá-la a partir da
experiência, pois o desenvolvimento da capacidade de análise é algo pessoal e
intransferível.
Vale a leitura!
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