01 abril 2016

Menos ódio e mais amor, por favor...

Há algum tempo tenho refletido sobre os impactos que a evolução das tecnologias da informação tem causado em nossas vidas. Confesso que integro o time dos que temem os efeitos perversos que a redução do mundo a um clique e a falta de controle / regulação a respeito do uso que se faz desses instrumentos e novas formas de socialização e integração podem nos causar, sem deixar de reconhecer os benefícios que este mesmo processo nos trouxe. Afinal, estamos aqui, não é mesmo?

Estamos aprendendo na prática -  e à força - que lidar com tantas transformações ao mesmo tempo requer um mínimo de cautela, que pouco tem sido vista por aí. Exemplo disso é a nova arena de debates e mobilização político-partidária na qual se tornou a Internet, em especial, as redes sociais.

Se por um lado temos a possibilidade de discutir sobre os mais variados assuntos com pessoas tão diversas quanto nossa disponibilidade para dialogar permitir, temos, em contraposição, a oportunidade de testemunhar o acirramento do antagonismo dessas mesmas ideias a níveis preocupantes. E é neste ponto que a cautela se faz relevante, por ser um instrumento capaz de viabilizar condições mínimas para a produtividade da sociedade, que tem como característica fundamental a racionalidade.

Nos últimos dias, observar publicações e comentários feitos nas redes sociais não nos tem ajudado a compreender o que de fato está movimentando, no Brasil, as discussões políticas que nos envolvem minuto a minuto. O ódio e a intolerância estão norteando o debate para um clima que em nada se parece com a luta pelo fortalecimento da democracia nacional. Esta sim, sem dúvida, une todos os brasileiros, independente de ideologia. Ao menos deveria.

Tendo a crer que mesmo aqueles que gritam em defesa da intervenção militar o fazem como um ato de desespero, para expressar o desejo de mudança, sem pensar muito nas consequências do que pedem, pois, um olhar atencioso para a história recente do Brasil torna inviável o anseio por um retrocesso a um período nebuloso como os chamados “Anos de Chumbo”. A história está aí para não nos enganarmos.

Porém, a questão é que estamos deixando nossa racionalidade de lado ao nos deixar envolver por brigas que não representam a totalidade da questão. Eu mesma já me vi cega envolvida em argumentações que a nada levariam, em consequência deste clima que nos impede de estabelecer diálogos que fazem os divergentes convergir. O respeito à diversidade, inclusive e/ou essencialmente a de pensamento, é o que nos leva a ordenar a caminhada rumo ao progresso, como nos orienta o pensamento positivista estampado em nossa bandeira nacional.

Os rumos a serem seguidos pelo País são os caminhos que trilharemos todos juntos amanhã. Ou seja, se não fizermos uso daquilo que nos diferencia dos animais -  a racionalidade-, continuaremos nesta luta para demonstrar quem tem mais força, sem que nada seja de fato transformado, mas sim destruído. O prejuízo será também coletivo.

O que a realidade nos mostra hoje é que se continuarmos no mesmo formato, ritmo e intensidade das discussões atuais, seremos personagens e testemunhas de uma tragédia coletiva, mas não no sentido figurado.

Em tese, esquerda e direita e seus respectivos defensores querem mudanças no País para que este seja melhor para todos. Destruir e dilacerar instituições e regras que norteiam a nossa jovem democracia, certamente não é a melhor opção para a construção deste novo caminho. A história do Brasil reforça esta ideia ao revelar os vários golpes de Estado que resultaram em problemas que até hoje não conseguimos superar.

Precisamos utilizar os instrumentos que nos une para o fortalecimento daquilo que nos representa democraticamente, pois mesmo longe do ideal, o nosso esforço como cidadãos para a construção de uma nação tem avançado, pouco a pouco. Dar a palavra final, com o intuito de ferir o outro, afasta aqueles que poderiam estar unidos na construção de algo melhor. Menos ódio e mais amor, por favor...

“Tolerância é uma virtude moral de resistência ao ódio.”
(Clóvis de Barros Filho)

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