Em um período de fortes transformações na arena política e
social, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, perceber que o relato de
Raymundo Faoro neste que é o Capítulo XIV de Os Donos do Poder sobre o Brasil das primeiras três décadas do
século XX não só nos ajuda a compreender a realidade na qual estamos inseridos,
como nos leva a compreender as origens das relações que se perpetuam nos três níveis
de poder.
O podre pelo poder é expressão citada em diversos trechos do
capítulo para explicar a estruturação do federalismo, por exemplo, que desde sua
origem é baseado em uma fórmula que reforça as desigualdades.
A discussão levantada por Faoro nas cerca de 90 páginas que compõem
o capítulo explica elementos conceituais, como a gestão da política dos
governadores, o presidencialismo que passa a centralizar as decisões na União,
e o fortalecimento do coronelismo nos interiores das mais variadas regiões do
país, por meio de exemplo, casos, fatos, diálogos e discursos de personalidades
da história que ilustram os conceitos ao mesmo tempo em que dão vida ao período
histórico.
O relato sobre esta parte da história brasileira, por ser
mais próxima de nós, é também mais palpável, o que não torna a leitura menos
densa, pois esta é uma característica do texto de Faoro.
Assim, a leitura nos ajuda a compreender que as mudanças no
mundo pós- Primeira Guerra Mundial impuseram transformações ao sistema republicano
nacional, com o fortalecimento da União, por meio da centralização do poder.
Este recrudescimento estrutural reordenou o jogo político
nos municípios, nos Estados e União, com destaque para a reconfiguração da
política dos governadores e o fortalecimento das lideranças regionais.
A estrutura corolenista resistiu à mudança, mas não foi capaz de evita-la: acompanhou-a devorando-lhe o ímpeto.
O início da leitura do Capítulo XV, intitulado Mudança e Revolução, dá início às cem
páginas finais da obra.
Agora estamos mais perto do que longe. Leitura que segue!💭
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