04 janeiro 2019

Os Donos do Poder XIV

Começar a ler um capítulo intitulado República Velha: Os Fundamentos Políticos, nos dias de hoje, é inevitável associar ao desempenho do sistema político contemporâneo. A percepção é corroborada ao identificar que esta parte é dividida em: A força e a fragilidade da política dos governadora; A ordem e a contestação. O novo presidencialismo ; e O sistema coronelista.

Em um período de fortes transformações na arena política e social, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, perceber que o relato de Raymundo Faoro neste que é o Capítulo XIV de Os Donos do Poder sobre o Brasil das primeiras três décadas do século XX não só nos ajuda a compreender a realidade na qual estamos inseridos, como nos leva a compreender as origens das relações que se perpetuam nos três níveis de poder.

O podre pelo poder é expressão citada em diversos trechos do capítulo para explicar a estruturação do federalismo, por exemplo, que desde sua origem é baseado em uma fórmula que reforça as desigualdades.

A discussão levantada por Faoro nas cerca de 90 páginas que compõem o capítulo explica elementos conceituais, como a gestão da política dos governadores, o presidencialismo que passa a centralizar as decisões na União, e o fortalecimento do coronelismo nos interiores das mais variadas regiões do país, por meio de exemplo, casos, fatos, diálogos e discursos de personalidades da história que ilustram os conceitos ao mesmo tempo em que dão vida ao período histórico.

O relato sobre esta parte da história brasileira, por ser mais próxima de nós, é também mais palpável, o que não torna a leitura menos densa, pois esta é uma característica do texto de Faoro.

Assim, a leitura nos ajuda a compreender que as mudanças no mundo pós- Primeira Guerra Mundial impuseram transformações ao sistema republicano nacional, com o fortalecimento da União, por meio da centralização do poder.

Este recrudescimento estrutural reordenou o jogo político nos municípios, nos Estados e União, com destaque para a reconfiguração da política dos governadores e o fortalecimento das lideranças regionais.


A estrutura corolenista resistiu à mudança, mas não foi capaz de evita-la: acompanhou-a devorando-lhe o ímpeto.

O início da leitura do Capítulo XV, intitulado Mudança e Revolução, dá início às cem páginas finais da obra.

Agora estamos mais perto do que longe. Leitura que segue!💭

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