04 abril 2018

O Mecanismo


Se você assistiu aos filmes Tropa de Elite e/ou a série Narcos e gostou, não tenho dúvidas de que apreciará na mesma medida a nova série do diretor José Padilha, lançada na Netflix no final do mês de março, O Mecanismo.

Com a primeira temporada composta por oito episódios, a série reconstrói o inicio da Operação Lava-Jato, a partir da perspectiva apresentada pelo jornalista Vladimir Netto no livro Lava Jato – o Juiz Sergio Moro e Os Bastidores da Operação Que Abalou o Brasil.

Independente de ideologia política, a série é material essencial aos brasileiros da era contemporânea por resumir, com licença poética -  é importante ressaltar, a maior operação de combate a corrupção já vista no Brasil.

Mais do que isso, O Mecanismo, que tem o ator Selton Mello como protagonista, nos leva a refletir sobre a responsabilidade de cada um de nós no caos que aí está, ao destacar que a corrupção nossa de cada dia alimenta um sistema que nos prejudica desde 1808, como bem afirma uma das personagens da série, durante depoimento, fazendo referência ao ano da vinda da família real portuguesa para o Brasil e à abertura dos portos.

As dificuldades enfrentadas por cidadãos que fazem questão de ser honestos; os limites enfrentados por policiais que assumem as responsabilidades da atividade a qual optaram por exercer; a cultura do caminho mais curto e do superego; a obstinação pela verdade são alguns dos temas abordados pela série.

Como uma série, o fator entretenimento fala mais alto, apesar de ser baseada em fatos reais, não significa ser fiel a eles. É preciso relevar a liberdade criativa para adaptar ao formato vendável proposto pela série que, nada mais é, do que um produto.

Mas, apesar das críticas cegas de todos os lados, este é um produto que precisa ser visto, assim como precisamos aprender, enquanto sociedade, a lidar com o contraditório e a ouvir o que os diversos envolvidos na mesma história têm a dizer.

Neste caminho, e na mesma temática, vale assistir a entrevista do juiz Sérgio Moro ao programa Roda Viva, na mesma semana de lançamento da série e que, hoje, já contabiliza 1,4 milhões de visualizações em uma semana. Concorde ou não com a postura adotada pelo juiz, ele é uma figura que precisa ser conhecida e a entrevista é uma oportunidade para conhecer mais sobre ele, a postura que adota e as convicções que embasam os julgamentos proferidos.

O desejo é que este seja um ano de aprendizado coletivo sobre a história do Brasil, em séries e livros, e do exercício da tolerância.

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