28 dezembro 2016

Churchill e a liderança circunstancial

Um dos maiores desafios organizacionais da atualidade está na identificação e desenvolvimento de líderes, para garantir (?) não só a sobrevivência da organização, mas que ela seja competitiva em um mercado cada dia mais exigente. Por mais que as características individuais sejam relevantes neste processo, outros elementos devem ser levados em consideração para o eficaz alcance dos resultados.

Lendo sobre liderança nos últimos dias, me deparei com uma reflexão proposta por Maximiano (2012), em seu livro Teoria Geral da Administração - Da Revolução Urbana à Revolução Digital, sobre o consentimento que, segundo o autor, nos dá a ideia de identidade de interesses e é base para a ocorrência da liderança.

Maximiano (2012, p. 284) observa que 
"A grandeza do líder mede-se mais pelo número de pessoas a quem sua mensagem influencia, e pela forma como ele apresenta essa mensagem, do que propriamente pelo conteúdo intrínseco da mensagem, que depende da sintonia com as necessidades e aspirações dos liderados." 
Ou seja, não é o que você diz, mas como você diz.

Dentre os elementos que influenciam no desenvolvimento de líderes, observa ele, estão as circunstâncias que podem tanto favorecer, como prejudicar a liderança. Exemplo de perda da liderança como consequência das mudanças no contexto é o ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill, que exerceu indiscutível liderança durante a Segunda Guerra Mundial.

Há poucos dias adquiri três números da coleção Grandes Biografias no Cinema, da Folha de S.Paulo, sendo um deles "As Garras do Leão - Um filme inspirado na vida de Winston Churcill."

O filme é acompanhado de um livro que, de maneira sucinta, fala sobre a identidade e a personalidade do biografado, além de apresentar a ficha técnica, elenco, diretor, autores e dados relevantes a respeito do filme. O conteúdo, apesar de resumido, oferece boas diretrizes aos que tiverem interesse de continuar pesquisando sobre o biografado.

Neste caso, há referências a documentários e séries que também trazem Churchill seja como personagem central e/ou coadjuvante, como a produção da Netflix, The Crown, que teve a primeira temporada lançada este ano e vale cada minuto. Em outro post falarei sobre esta série.

O filme "As Garras do Leão" nos coloca em contato com os primeiros 25 anos da vida de Winston Churchll e, sem medo, posso revelar que é uma obra chata. Muito chata! Isso porque a narrativa é lenta e enfadonha por ser presa a episódios como as participações de Churchill em batalhas de guerras que, apesar de variadas, parecem as mesmas. Na minha avaliação, tais fatos poderiam ser relatados com mais objetividade, dando mais dinamicidade ao filme.

Apesar disso, a obra é uma oportunidade de observarmos o que Maximiano disse a respeito das circunstâncias favorecerem o desenvolvimento dos líderes, pois Churchill era um oportunista.

Baseado na autobiografia "Minha Mocidade" que, no Brasil, foi traduzida por Carlos Lacerda, o filme revela um jovem Churchil que, academicamente, pode ter seu rendimento considerado de mediano a fraco, mas que sempre demonstrou sagacidade para o desenvolvimento de estratégias que o permitissem avançar no caminho que o levasse à conquista de seus objetivos. A meta dele era ser político, como o pai. Com ou sem brilhantismo, ele conseguiu. A história está aí para contar.

Mesmo sendo um filme cansativo, esse tipo de obra é importante tanto pelo aspecto histórico, como para dar vida ao que a teoria nos explica. Aqui, Churchill e Maximiano se complementam e nos ensinam o quanto é necessário o desenvolvimento da capacidade de análise da complexidade do ambiente para bom desempenho pessoal e profissional.

Exercitar o olhar nunca é demais!

O encontro entre Maximiano e Churchill estimula o exercício do olhar analítico