Neste carnaval, tive a oportunidade de lanchar em um lugar que não frequentava há muitos anos, o Passaporte Lanches, um trailer que fica na Praça Cívica, ao lado do Palácio dos Esportes, no bairro de Petrópolis, em Natal. Em duas ocasiões diferentes, observei no local características que faltam a boa parte dos ofertantes de serviços da capital potiguar: consistência e bom atendimento.
As minhas duas recentes experiências no local foram em horários que apresentaram peculiaridades que tendem a tornar a oferta do serviço mais difícil, por terem sido na madrugada e após as festas da folia de momo. Resultado: todas as mesas ocupadas por clientes famintos e sem muita paciência para esperar.
Do outro lado, atendimento atencioso, conhecimento do cardápio, disponibilidade para atender as especificidades dos clientes – sanduíche sem pão e batata-frita sem óleo, por exemplo -, presteza na tomada e entrega dos pedidos e contas, formas de pagamento variáveis e, detalhe, banheiro limpo, com sabão, papel toalha e papel higiênico disponíveis. Sanduíche com hambúrguer, ovo e bacon – R$ 11,00. Não cobram 10%.
Reconheço que manter banheiros públicos limpos é tarefa árdua, ainda mais em época de intensa aglomeração de pessoas. Especialmente quando falta água no bairro, como aconteceu ontem no bar Atelier, na Ribeira. Dá para imaginar a situação do banheiro, né?
O bar foi palco de parte dos shows do Circuito Cultural da Ribeira, excelente iniciativa retomada neste carnaval. E, apesar da simpatia dos atendentes do bar, a falta de informação a respeito do que era vendido no local ou não - nem tudo estava no cardápio – e a qual dos dois bares do estabelecimento o cliente deveria se dirigir para ter acesso ao que comprou, só coroou o problema causado pelo não funcionamento das máquinas de cartão que resultou em um bom tempo dos clientes em fila à espera do sinal. Cerveja Skol lata - R$ 4,00.
O bar do Clube de Radioamadores, onde aconteceu a prévia carnavalesca do bloco Se Parar Eu Caio, foi o que demonstrou mais despreparo. No salão, pelo menos três garçons atendiam às mesas e corriam para o balcão para levar os pedidos e concorrer com os foliões que iam direto ao local para comprar bebida ou lanche. Uma guerra de gritos ensurdecedores entre os dois lados do balcão, com os clientes – literalmente - no meio.
Do lado de dentro do balcão, um senhor que aparentava ser o dono e que, apesar da casa estar lotada, demonstrava um mal humor injustificável para quem estava faturando em uma festa como aquela, além de total despreparo para o atendimento ao público presente e funcionários. Ao lado dele e tentando amenizar a situação, um garçom que ficava no ‘meio-de-campo’ entre o patrão mal-humorado, os colegas do outro lado do balcão, o pessoal da cozinha - que nitidamente não deu conta da demanda – e dos clientes que tentavam humildemente comprar alguma coisa. Um fiasco. Cerveja Skol lata - R$ 5,00.
Já no baile do Mercado Petrópolis, ainda nas prévias, a alegria das pessoas que trabalhavam nos quiosques foi envolvente. A cerveja Skol lata que começou a ser vendida a R$ 4,00 baixou para R$3,00 e duas R$ 5,00, com direito a isopor e apenas um simpático pedido de devolução ao final da festa, momento em que vários comerciantes relataram não ter mais nenhuma unidade para vender.
Os blocos de rua que dominaram a cidade neste ano foram acompanhados pelos ambulantes que mantiveram o preço da cerveja Skol lata a R$ 3,00 e duas por R$ 5,00. Detalhe, se o cliente só queria levar uma por vez, o vendedor decorava as feições e peculiaridades do folião para, momentos depois, sem problema algum, entregar a segunda lata já paga, mesmo no mar de gente que tomou conta das ruas da cidade.
E por falar em tomar conta das ruas, se um grupo quer fazer uma festa privada, aproveitando o clima festivo que toma conta da cidade, tem todo direito de fazê-lo. O que não pode é cobrar ingresso para fazer festa com estrutura pública, com conivência da Prefeitura, como aconteceu na sexta-feira de Carnaval no Largo do Atheneu.
Os shows da Banda Detroit, Armandinho e Alphorria integraram a programação do Carnaval de Natal, ou seja, foram pagos com nosso dinheiro e realizados em uma via pública, a rua Seridó. Para a surpresa de quem não comprou a camisa dos Grandes Carnavais, a Prefeitura autorizou o loteamento da via pública que foi dividida ao meio, formando uma espécie de camarote para quem tinha comprado a camisa do bloco.
Quer ofertar uma festa? Monte sua própria estrutura e cobre por ela. Camisa - R$ 120,00. Aos foliões que não pagaram esse preço tiveram que assistir a Prefeitura gastar o dinheiro que arrecadou via impostos para privilegiar os de sempre, com direito a presença dos representantes do povo no camarote ilegalmente montado.
E se a Prefeitura conseguiu segregar bem direitinho o povo no Largo do Atheneu, teve dificuldades para organizar os ambulantes para a passagem dos Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens, em Ponta Negra. Nunca tinha visto tanta gente numa festa de rua em Natal, como no sábado! O desfile foi lindo e emocionante! Porém, o trajeto foi prejudicado por não ter havido organização da disposição dos ambulantes nas vias públicas, ação que cabia ao Município.
O Carnaval em Natal deste ano foi lindo de ver e viver. A torcida é para que a iniciativa tenha vindo para ficar, mesmo! Mas como tudo na vida é preciso repensar práticas e ações, pois a cultura da qualidade demanda dedicação e esforços constantes, o que leva ao aumento da competitividade no mercado e incremento das vendas de maneira consolidada. Neste sentido, para aprender como atender minimamente as expectativas dos clientes, a sugestão é dar uma passadinha no Passaporte Lanches. #nataltemcarnaval #carnavalemnatal
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